Perdão
Mergulho no porão imundo da minha alma e vejo a dor que desejei nunca sentir.
Sozinha, posso passear por toda a minha estupidez, sem limites, sem piedade.
Um incômodo descomunal toma conta de mim porque ainda me deixo afetar.
É frustrante sentir a chuva transformar-se em inundação quase instantaneamente.
É irritante vislumbrar em como me coloquei numa situação angustiante.
Sinto-me tão pequena diante da minha falta de discernimento!
Simplesmente não consigo digerir o meu erro brutal e recorrente.
Eu tropecei duas vezes na mesma pedra, como posso me conformar?
Eu divaguei em terras proibidas, me permiti devaneios absurdos.
Elucubrei acerca de uma vida que eu jamais teria, consternada,
Porque essas histórias possuem sempre o mesmo final.
O final óbvio, a treva, a sensação de ter sido mais uma linha numa lista idiota.
A quem devo perdão senão a mim mesma?
Quando esse suplício vai passar?
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