Quero ver nos teus olhos o brilhante,
Como o amante cheio de pedidos.
Reencontrar teus passos errantes,
Para acariciar os teus egos perdidos.
Quero na noite ser o guardião zeloso,
Como um anjo de sonhos esquecidos.
E te acordar nas manhãs carinhoso,
Sob as luzes dos raios incandescidos.
Ouvir da janela a sabiá Laranjeira,
Regente da passarada na alvorada,
Ela ali enamorada pelo Sabia Coleira,
O instante de uma manhã imaculada.
Desespero-me na busca incansável,
Aqui embriagado padeço meus desejos,
Com esta bebida estranha intragável,
Meu coração embrulha-se no desapego.
Às vezes alço um voo coordenado,
Mas nunca pouso nos braços da paz,
Toco minhas asas quebradas no chão
Aterrisso perdido na viagem ineficaz.
Outras vezes como refém da clausura,
Ajoelho humilde perante a Madona,
Numa prece que amenize a amargura,
Desespero em solidão nesta maratona.
Toninho.
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