PAIXÃO
O lugar comum da fugacidade das paixões não me seduz. Se a ciência o diz, não posso desdizer. Mas paixão não morre, nisso quero crer. Paixão atormenta e paixão alimenta. O germe do amor, que não se desvincula da semente. Círculo amoroso, paixão ao puro amor, desse amor à sã paixão. Quando arrefece, tem caminho sinuoso, difícil de encontrar e de se andar. Estreito, tortuoso, cheio de falsos atalhos. Atenção à estradinha, vaso comunicante do amor à paixão, da paixão ao amor. Sofre, luta, mas encontra-o de novo e sempre. Pois sempre é tempo e o tanto é tentar o que vale buscar. Amor com paixão. Por quem não o acreditar, tenho compaixão.
Rua estreita
Aquela viela
escondida,
Ruinha torta,
esquecida,
Ruína morta,
falida,
Foi ela,
incompreendida
Eu mesmo,
sempre demoro
Tem vezes,
até quase choro
A esmo,
busco a entrada
Que temo,
jamais encontrada
Revisitada,
essa estrada
É festejado,
esse estado
Duma alegria,
infinita
Duma sangria,
bendita
Alívio de um coração
Que ora encontra vazão
À vívida viva paixão
Que afronta toda a razão
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