A comunicação eficaz, em particular no mundo corporativo – onde passamos a maior parte do nosso tempo, mas nem sempre temos a oportunidade de estreitar laços de amizade com as pessoas que nos cercam – depende fundamentalmente do sincero interesse das partes envolvidas – independente do nível hierárquico. Primeiro, porque é um ato bilateral; depois, por que somos diferentes uns dos outros e fluentes em linguagens verbais e não-verbais cuja tradução pode não corresponder àquilo que se quisemos transmitir de verdade.
Em cada ponta do processo de comunicação há dois elementos que lhe são essenciais: de um lado, o emissor, responsável pela construção (codificação) da mensagem; do outro, o receptor, a quem cabe decodificá-la corretamente, de modo que o que se quis dizer seja, efetivamente, o que se ouviu! Aqui, talvez, resida o grande nó do relacionamento humano, responsável por tantos dissabores, desamores, desencontros, laços rompidos... Por que, afinal, é assim? Por que nem sempre somos capazes de chegar ao outro integralmente, fazendo-nos compreender e sermos compreendidos na mesma intensidade?
Embora do ponto de vista fisiológico sejamos semelhantes, na essência, entretanto, somos únicos, cuja história pessoal determina a nossa visão do mundo. Os nossos valores decorrem de tudo que ao longo dos anos delineou o modo pelo qual enxergamos a vida: escolas diferentes, famílias diferentes, amizades diferentes, interesses diferentes, necessidades diferentes, ideologias, por fim, diferentes. Mas, seguimos em frente, lutando para nos realizarmos integralmente e, enfim, sermos felizes: eis a finalidade da comunicação eficaz. E aceitar que somos diferentes, apesar de semelhantes enquanto seres humanos, é, certamente, o primeiro passo.
Esses aspectos que, no conjunto, definem a nossa maneira de ser são determinantes nos relacionamentos interpessoais: quem sempre ouviu "nãos", certamente terá dificuldade em dizer sim; aquele que nasceu em “berço de ouro” e foi mantido distante da realidade mais próxima, poderá não entender as dificuldades do outro; um erro no passado pode ter sido mesmo apenas um simples erro, sem a intenção deliberada de magoar ou ferir, porém, aquele que o cometeu, apesar dos esforços empreendidos para se superar, corre o risco de continuar a ser estigmatizado; uma criança educada com preconceitos e fanatismos poderá encontrar dificuldades para perceber que não estamos sozinhos no mundo e que alguém pode pensar diferente dela – exatamente porque, como ela, foi educada num ambiente com outros valores; a primeira impressão, dizem – dizem? – é a que fica, mas não deveria ser assim...
No processo de comunicação, há três verdades...
Nas relações interpessoais, todos somos integralmente responsáveis; no mundo corporativo, em particular, essa condição se afigura como essencial. Medo, sarcasmo, indiferença, formalidade excessiva, preconceitos, desconfiança, pressa, sobrecarga de trabalho, injustiças, sistema de comunicação deficiente, baixo moral do grupo, momento inadequado, desconhecimento a respeito das metas a serem alcançadas e o seu horizonte estratégico, tudo isso constitui obstáculos à comunicação, gerando, em decorrência, uma série de prejuízos muitas vezes imensuráveis. O tom de voz, o olhar, a expressão facial, o silêncio, a inconsistência entre o discurso e a prática, essas são linguagens não-verbais que corroem as bases da confiança, do companheirismo e do respeito, que é diferente (muito diferente) do medo. Aqueles enaltecem e valorizam, favorecendo a construção e a realização conjunta dos sonhos; este oprime, cerceando a criatividade, a liberdade e o companheirismo.
Mas, como superar essas barreiras? Primeiramente, é preciso que haja Sincero (assim, com letra maiúscula!) interesse pelo outro – afinal, ele é, em si, um mundo infinito de possibilidades. Depois, mas imediatamente depois, ouça com atenção, mantenha-se atualizado, cuide da sua aparência, fale olhando para o seu interlocutor, seja empático, ajude na decodificação da mensagem (fale ou repita o que disse ou o que foi dito com outras palavras), elogie em público, critique em particular, participe, sugira, não tenha medo e estimule a criatividade, examine o seu ambiente, reflita um pouco e descubra, você mesmo, o que mais pode ser feito. Participe, e se estiver numa condição de comando, estimule a participação...
Convivemos todo o tempo – acredito sinceramente nisso – com três verdades: a minha, a sua e a Verdade! E talvez esteja aí, no desvelamento da nossa verdade, o segredo da compreensão humana – que gera e mantém amizade, respeito, resultados, crescimento... É necessário que nos disponibilizemos para melhorar as condições dos nossos postos de trabalho e do mundo ao nosso redor – porque podemos fazê-lo. Lá na frente, quando muitos dos planos e projetos tiverem sido realizados, que se possa entender que as conquistas, mais do que pela competência técnica, advieram da capacidade de compreender o outro e de ser por este compreendido naquele momento ínfimo e crucial da decisão...
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