“Seja como a fonte que transborda e não como o tanque, que sempre contém a mesma água.”
Esta fase é de um poeta inglês, mas que eu não teria conhecimento se não tivesse lido o excelente livro de Paulo Coelho “Veronika Decide Morrer”.
Esta frase serviria para uma boa parte dos críticos “sem terem lido” de Paulo Coelho, pois de tudo que se lê temos algo a aprender, principalmente quando os escritos foram baseados em algo vivenciado.
Como o autor diz no livro os pais dele o internaram num manicômio, fato bem corriqueiro naqueles anos setenta para que ele não freqüentasse mais o grupo de desajustados que ele estava freqüentando.
Grupo de desajustados eram os cabeludos da contracultura que fumavam os seus baseados, o que para a época precisava ter muita coragem, mas não faziam mal a ninguém a não ser, talvez, a eles mesmos.
Aqui em Curitiba também conheci o caso de um amigo, cujo pai, sargento do exercito, o que na época já era de relevo esta baixa patente, internou o seu filho, amigo próximo da nossa turma, num manicômio ou sanatório, pois não tinham clínica própria para "drogados", que na epoca ainda não tinha este estigma e a maioria saiu.
Está certo que todos se chamavam de malucos, mas daí aos pais levarem ao pé das letras já era um exagero.
Este nosso colega próximo chegou a escrever um livro que virou filme premiado “O Bicho de Sete Cabeças”, agora imagina se nós imaginávamos que aquele colega que parecia tão resolvido teria passado por uma dessas.
Só lembrei-me dele e soube do caso quando ele deu uma entrevista no Jô Soares.
Estou escrevendo esta crônica e dando uma espiada na revista CULT e ali tem “n” resenha de livros recém lançados e que são merecedores de serem indicados pela revista. Vão vender, com todo o respeito, independente da qualidade, talvez 30.000 exemplares, o que já seria um sucesso esplendoroso a nível de mercado brasileiro, mas na média não devem passar de 10 mil.
Isto já seria um sucesso, agora só O ALQUIMISTA de Paulo Coelho, que eu ainda não li, e por isto eu não posso dizer se é bom ou não, mas também não quero que me digam, já vendeu 45 milhões em todo o mundo e ele está passando pela minha humilde sabatina pessoal de crítica, mas estou começando pelos livros periféricos
Nesta trajetória Já li dois livros, o primeiro, um Thriller de suspense me chamou a atenção de como ele disseca a personalidade de cada personagem, conclusão: Só quem conhece muito de pessoas descreve tão bem o que se passa no intimo de cada personagem, só quem viveu coisas acima da média sabe.
O segundo, este que cito acima, "Veronica Decide Morrer" é um libelo prazeroso de ler, pois começa com um ato tão pesado como a tentativa de suicídio de alguém, e depois mostra como esta tentativa frustrada leva a protagonista a ser internada num manicômio para aguardar a morte, pois os traumas físicos causados pela tentativa a teriam debilitado tanto que teria só mais alguns dias de vida, talvez um mês.
E lá neste manicômio ela começa a se descobrir como pessoa e a se gostar, e os poucos dias de vida da “moça tão bonita e simpática”, começa a influenciar questionamentos em outros internos que estão ali por depressão e outros males e acaba trazendo todo um rebuliço no meio. O final é muito interessante e com final feliz e novos caminhos para muitos dos envolvidos.
Traz um questionamento social do que é normal e do que não é, e do que são sentimentos nossos, realmente, e dos que são impingidos pela “normalidade da sociedade”, onde pressinto se encontram a maioria dos críticos deste autor.
Este é um excelente livro e eu indico, assim como o "Onze Minutos", também muito bom; ele parte dos "descaminhos" de uma prostituta "de última hora" e que das experiência deste caminho descobre o verdadeiro amor e o sentido para a "sua" vida.
Na década de setenta dizia-se: “Quem viver, verá!” eu acho que Paulo Coelho viveu e escreve sobre isto, pelo menos é a minha impressão de até agora.
Quanto aos críticos "chopins dos artigos alheios" por favor me poupem dos seus comentários preconceituosos sobre este autor e não me venham citar clássicos xaropes que muitos não conseguem terminar de ler e que já não dizem muito mais para os dias atuais.
www.hserpa.prosaeverso.net
"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass – www.graal.org.br
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