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Minha impulsividade é meu antídoto contra a morbidez. Meus movimentos bruscos, inesperados e as vezes estúpidos, servem para ir contra a minha tendência sutil e determinada de estagnar no nada das coisas.
As melhores mudanças que aconteceram na minha vida, os períodos de maior diversidade e riqueza de experiências não foram planejados. Foram quando eu me atirava em situações improvisadas.
Assim com foi meu pulo de asa delta quando eu tinha 19 anos.
Subi com minha prima querida a pedra da Gávea para encontrar dois instrutores que pulariam conosco. Um para cada uma de nós.
Ao chegarmos lá em cima, enquanto meu camarada punha se a conversar com coleguinhas de salto que acabara de encontrar, o professor dela dava mil instruções do que ela deveria fazer para tudo dar certo. Passos para lá, corridinha pra cá, etc.
Ela repetia as informações com rapidez, entendendo tudo, prontinha para saltar. Para mim aquilo mais pareceu uma aula de física depois ter faltado da escola o semestre inteiro. Portanto, naqueles 5 minutos antes de pular, encarei a minha morte como a mais óbvia tendência. Eu não entendi nada, e quem ia pular comigo não estava tão preocupado com isso.
Chega de papo. Chegada a hora de pularmos, meu mestre do vôo deu 3 instruções:
- Veste esta roupa, depois corre junto comigo, depois salta.
Ele nem olhou na minha cara.
Lá fomos nós: demos a corridinha na rampa e..........uau!!!! Não sabia que ele ia dar uma pirueta... será que vai ficar mais caro?
Ainda bem que ele não me deu grandes dicas. Ainda bem que ele não mencionou nada sobre as cambalhotas no ar. Foi lindo, foi inesquecível, mas nunca mais vou repetir.
Adorei a experiência, mas hoje não sou mais a mesma. Fui ficando mais medrosa com o tempo. Mais cautelosa também.
Mas assim foi minha vida até hoje: quase nada foi planejado.
Meus filhos, meu casamento, minhas viagens. As decisões mais importantes tem sido feitas de sopetão.
Eu admiro quem planeja. Adoro o Amir Klink e sua paixão por planejamento. Adoro ver as pessoas que falam: - - Sim, daqui a dois anos, vamos ter um filho.
Acho maduro, consciente, cauteloso, desde que não seja uma desculpa para acobertar o medo de realizar.
No meu caso, o excesso de medo me paralisava e se planejasse muito, eu não fazia, não decidia, não ia. Ficava a deriva.
Esse padrão ainda ocorre, mas hoje lido melhor com o ritmo devagar das coisas que não são imediatas como um interruptor que acende a luz em 1 segundo. Hoje eu curto mais os passos que são dados um de cada vez. As pequenas tarefas que são cumpridas uma após a outra como tijolos que são colocados um em cima do outro, formando uma bela construção que só será visualizada algum tempo depois.
Tento hoje celebrar cada tijolo e curtir o ritmo mais lento, o crescimento gradual, o realizar de pequenos feitos.
blog do livro "Viagens de uma psicóloga em crise" www.viagensdeumapsicologaemcrise.blogspot.com
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