“1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2 Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
3 Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.
4 Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
7 Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João 15.1-8)
Nosso Senhor discursa relativamente ao fruto que os Seus discípulos deveriam produzir, usando a ilustração de uma videira.
Jesus Cristo é a videira, a verdadeira videira.
A igreja que é o corpo de Cristo é uma videira. Cristo é a videira plantada no vinhedo, e não uma planta que nasce espontaneamente da terra; ao contrário, Ele foi plantado na terra, porque o Verbo se fez carne.
A videira é uma planta que é cultivada por propagação, e por isso Cristo será conhecido como salvação até aos confins da terra.
O fruto da videira honra a Deus e dá alegria aos homens, assim o fruto da mediação de Cristo é melhor que o ouro (Prov 8.19).
Ele é a verdadeira videira, porque o oposto à verdade é a falsificação; e é somente nEle que podemos achar o fruto da verdade.
A fonte de vida, designada como videira, que é Cristo, produz a verdade que salva, e somente nEle podemos encontrar esta salvação verdadeira, pelo conhecimento da verdade que está nEle.
Os cristãos são os ramos desta videira da qual Cristo é a raiz.
A raiz é visível, e nossa vida está escondida com Cristo; a raiz desta árvore de vida eterna (Rom 9.18), que difunde seiva a todos os ramos da videira e que os tornam férteis e frutíferos.
Todos os ramos, embora muitos se encontrem todos eles ligados à raiz. Assim Cristo é o centro da unidade de todos os cristãos.
O Pai é o agricultor.
Embora a terra seja do Senhor, ela não produziria nenhum fruto a menos que Deus a trabalhe.
É Deus quem cuida de todos os ramos da videira.
Ele os limpa por poda, e provê todos os meios necessários para que sejam frutíferos (I Cor 3.9; Is 5.1,2; 27.2,3).
Por isso devemos ser frutíferos, porque os ramos estéreis (v 2) são lançados fora.
Há muitos que passam por ramos em Cristo, contudo não dão frutos; porque estão ligados a Ele apenas por uma profissão externa, e embora eles pareçam ser ramos, eles logo secarão porque a seiva da videira não penetra no coração deles.
Estes ramos não honram a Deus porque não podem dar fruto, ao contrário trazem desonra ao Seu nome.
Por isso serão cortados como Judas.
Mas Deus limpará os ramos frutíferos pela poda para que produzam ainda mais fruto.
Note que a fertilidade adicional é a recompensa abençoada de uma vida fértil.
A quem tem mais se dará.
O que for fiel no pouco, sobre o muito será colocado.
A primeira bênção era ser frutífero; e ainda será uma bênção ainda maior, porque está determinada uma fertilidade ainda maior para os que estão dando frutos, e para tanto será necessário que sejam podados, por se lançar fora aquilo que for supérfluo neles e que esteja atrapalhando a sua frutificação.
Pela poda serão renovados, de maneira a terem maior vigor e força para a frutificação.
Assim, na época apropriada o Pai tirará pela mortificação do Espírito e pela Palavra, tudo aquilo que necessita ser limpo na vida destes cristãos frutíferos.
O Pai fará este trabalho como agricultor para a Sua própria glória.
Os benefícios que os cristãos têm através da doutrina de Cristo, o poder pelo qual eles serão trabalhados para terem um bom testemunho numa vida frutífera será a própria Palavra de Cristo, que os limpou (v. 3).
A Palavra de Cristo é uma palavra distintiva que separa o precioso do vil, e foi por esta Palavra que Judas ficou separado dos demais apóstolos, porque não se firmou nela.
É por esta Palavra que os cristãos são santificados (João 17.17). Esta Palavra é quem purifica os nossos corações (At 15.9).
É pela Palavra que o Espírito refina os cristãos de toda escória do mundo e da carne, e remove deles todo fermento dos escribas e fariseus.
Quando a Palavra de Cristo habita ricamente no coração do cristão ele fica santificado por esta Palavra.
Seus pensamentos são direcionados para Deus, seus objetivos de vida são centrados em Cristo, a carnalidade e todo comportamento mundano são despojados, e o lugar deles é ocupado pelo revestimento das virtudes de Cristo, em pensamentos espirituais, celestiais e divinos.
O Espírito Santo se move num coração que está assim tomado pelo amor de Deus, e por sentimentos puros e elevados.
O contrário disto produz uma porta aberta para as operações do Inimigo, porque ele acha um repouso seguro num coração impuro que seja dominado pelo ódio, pela inveja, ciúme, sensualidade e toda forma de obra da carne.
Nós comprovamos que somos limpos pela Palavra, quando nós produzirmos fruto de santidade.
Nisto nosso Pai será glorificado.
Para sermos frutíferos nós temos que permanecer em Cristo.
Isto é um dever ordenado por Ele(v. 4).
Devemos permanecer (estar) em Cristo, em comunhão espiritual, para que Ele permaneça (esteja) em nós.
Veja que esta palavra foi dirigida aos que já eram cristãos.
Exige-se constância nesta permanência no Senhor para a frutificação.
Aqueles que são de Cristo têm que permanecer nEle. Ele nos convoca a estarmos nEle por fé, e Ele estará em nós pelo Espírito.
Ele promete que da parte dEle nunca falhará nesta união, pois tem dito que permanecerá em nós caso permaneçamos nEle.
Esta permanência será real na medida que tiver a evidência de estarmos cumprindo os mandamentos de Cristo, permanecendo na Sua Palavra que será luz para os nossos pés em nossa caminhada neste mundo.
O ramo não pode ter vida separado da videira; de igual modo a vida espiritual que está em Cristo só pode ser experimentada se estivermos unidos a Ele permanentemente.
A necessidade de estar em Cristo tem a ver com a nossa fertilidade (v. 4, 5). Ele diz que sem Ele nada podemos fazer, mas se estivermos nEle e suas Palavras em nós, daremos muito fruto.
Aquele que é constante no exercício da fé e amor a Cristo, aquele que vive nas Suas promessas e é dirigido pelo Seu Espírito, dará muito fruto, e será muito útil à glória de Deus.
Há conseqüências fatais em abandonar a Cristo (v. 6):
"Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem."
Aqueles que pensam erroneamente que não têm nenhuma necessidade de Cristo serão por fim também rejeitados por Ele.
Mas há um privilégio abençoado para aqueles que frutificam em Cristo (v. 7):
"Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito."
Como nossa união com Cristo é mantida pela Palavra, onde estiver a Palavra de Cristo ali Ele habitará.
Como nossa comunhão com Cristo é mantida através da oração: Você pedirá o que quiser e lhe será feito. Não há risco de pedirmos o que não seja segundo a vontade de Deus quando se está numa comunhão real e verdadeira com o Senhor porque tudo o que sair da nossa boca estará debaixo da instrução e direção do Espírito Santo, que na verdade é quem intercede por nós, pois não há verdadeira oração que não seja no poder do Espírito (Ef 6.18).
Se o Senhor é o nosso deleite, a nossa alegria, o nosso agrado, todo desejo carnal dará lugar a desejos santos e aprovados por Deus.
Se nós estivermos em Cristo, numa verdadeira e íntima comunhão com Ele, guardando a Sua Palavra, nada lhe pediremos, que seja fruto de desejos interesseiros, egoístas, carnais, senão o que é bom para edificação.
Buscaremos como Ele nos tem ordenado o reino de Deus e a Sua justiça e tudo o mais nos será acrescentado.
Estas coisas acrescentadas não precisam ser buscadas porque Ele tem prometido que as acrescentará se buscarmos diligentemente os interesses de Deus e do Seu reino.
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