Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Calando por si
Rubem Penz

Resumo:
O autor brinca com o direito constitucional de permanecer em silêncio aplicando-o no dia a dia.

– Arlete, promete ser fiel ao Pedro Geraldo na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, amando-o e respeitando-o, agora e para sempre, de manhã, de tarde e de noite, domingos e feriados, por todos os dias da sua vida? (...) Perdão, não ouvi? (...) Como assim, "todos têm o direito constitucional de jamais produzir provas contra si"?
***
Você está na cadeira do dentista. Há três algodões entre a bochecha e a gengiva (pensei que jamais escreveria uma crônica com essa palavra), um o sugador dependurado e uma broca cujo sonho secreto é beliscar sua língua. Então, o dentista faz uma pergunta atrás da outra. Saiba que, constitucionalmente, você tem o direito de ficar calado. Mas, dá muita vontade de mandá-lo para aquele lugar!
***
Juquinha prestara muita atenção ao jornal da TV que coincide com o horário do jantar. No dia seguinte, durante a prova oral em que o professor cobrava o conteúdo, sustentou que poderia ficar calado sem que o professor pudesse fazer nada. Estava na constituição, segundo escutou o comentarista político: "Ninguém pode ser obrigado a produzir má (sic) prova contra si...". Vai precisar mais do que um advogado. Quem sabe um professor particular. Ou, no mínimo, deve limpar os ouvidos.
***
– Querida, você esteve estranhamente calada essa noite, onde foram parar os gemidos sensuais?
– Sabe o que é, meu bem, aderi à sacanagem do momento.
– Como assim?
– Ficar calada e não produzir nenhuma prova de afeto.
– Nossa, é muita sacanagem...
***
– Décio, estava aonde? E com quem você estava? Lá isso são horas de chegar? Custava deixar o celular ligado? Por que sua camisa está para fora das calças? Pensou que eu estaria dormindo? Pensou que 'alguma vez' eu estive realmente dormindo? Passou pela sua cabeça que isso aqui é uma família? Sabe que horas eu vou levantar amanhã, ou melhor, hoje? Acha que dormirá na nossa cama? Quer um travesseiro para dormir no sofá? Tenho um bom aqui, ó: tua amada Constituição!
***
Alguém pensou na possibilidade de os depoimentos em tribunais ou CPIs produzirem provas a favor de si? Ou quem pensa assim é muito inocente?

Rubem Penz
rubempenz@gmail.com
www.rubempenz.com.br
www.rufardostambores.blogspot.com


Biografia:
Articulista
Número de vezes que este texto foi lido: 59445


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Calando por si Rubem Penz
Crônicas Pode começar a se deprimir, quando... Rubem Penz
Crônicas Cuidado, forte Rubem Penz
Artigos O repórter e o lobo Rubem Penz
Artigos O gueto de Crackóvia Rubem Penz
Artigos Entrelaços Rubem Penz
Crônicas Politicamente correto é... Rubem Penz
Crônicas Superpoderes Rubem Penz
Artigos Fim do mundo Rubem Penz


Publicações de número 1 até 9 de um total de 9.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Resumo - crimes contra a incolumidade pública - Isadora Welzel 171 Visitas
Resumo - Regimes de bens - Isadora Welzel 170 Visitas
Olhar precipitado - Flora Fernweh 169 Visitas
O transtorno obsessivo-compulsivo à luz do Direito - Isadora Welzel 169 Visitas
Resumo - Lei de Contravenções penais - Isadora Welzel 169 Visitas
A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL - LUCIENE FERREIRA DOS SANTOS NASCIMENTO 169 Visitas
As aulas de Educação Física Escolar e diabetes infantil - PAULA SANTANA MOURA 169 Visitas
Ensinando o trânsito na Educação Física Escolar - PAULA SANTANA MOURA 169 Visitas
Diversidade e Educação - Valdenice Patricia da Silva 168 Visitas
Resumo - Lei de Drogas - Isadora Welzel 167 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última