Esta estória já foi adiada de mais. O ser humano precisa de respostas.
O ano era 2021, auge da crise capitalista, onde cada império ruía em frente a eventos facilmente premeditáveis. A humanidade estava burra, fragilizada pela falta de liberdade de expressão. Era o cenário perfeito para o ressurgimento de idéias fascistas e para o alastramento de uma das doenças mais preocupantes: a depressão. Ora, a depressão era facilmente justificável, afinal, o efeito estufa estava em sua pior fase, catástrofes naturais ocorriam diariamente, a fome na África matava milhões, o mundo estava arruinado...
Em minha opinião, caro leitor, o ser humano é capaz de superar todos os desafios impostos a si, mas, na opinião de meus ancestrais, aquele era o fim dos tempos, o evento de extinção. Eu me lembro bem do que ouvi na escola: no extremo caso de desespero, o ser humano abandonou o pensamento racional e se abraçou à religião, onde conseguiu paz de espírito e uma fuga da realidade assoladora. Isso mesmo, caro leitor, eu ouvi essas exatas palavras na escola, palavras que descrevem a religião perfeitamente no contexto da época: fuga da realidade.
Quando estudei na escola, o meu país, o Brasil, estava muito diferente: quase não havia mais religião. Mas por que não havia religião no Brasil se o mundo se voltou à religião para acabar com sua crise de espírito na queda do capitalismo? Porque nesse ponto, o mundo foi dividido em dois: os que manteram o pensamento racional e enfrentaram a realidade de frente (os mesmos que a superaram) e os que se ajoelharam a um deus.
Pelo histórico do Brasil, não é nada justificável que um país cristão vire ateu da noite pro dia sem influência externa nenhuma. Houve, sim, uma influência e o nome dela é Rússia. O presidente russo na época se chamava Nikolai Malenkov e, devido a crise, ele viu a oportunidade perfeita de promover seu país ao exercer influência sobre os países em potencial com ideais em potencial. No Brasil, onde a atividade de inteligência era fraca, foi fácil infiltrar dezenas de agentes governamentais russos com o passar dos anos, assim como no México, na África do Sul, na Índia, com um pouco mais de dificuldade e na Argentina. Nem todos os focos deram certo. Na Índia, os agentes russos foram descobertos e executados, o que causou um grande alvoroço diplomático entre os dois países que faziam parte dos BRICS e eram nucleares. Tal ato causou a retirada da Índia do bloco econômico e pequenas ameaças entre os dois países.
Os países que se abraçaram à religião tinham os índices de felicidade mais altos, e os de desenvolvimento tecnológicos, mais baixos. Assim como a Rússia, os EUA viram a oportunidade de se fortalecerem militarmente, uma vez que a OTAN havia ruído durante a crise e começou a usar a religião como arma de controle, e uma arma muito eficiente, devo dizer.
Em 24 de Junho de 2034, os EUA liberou uma mini-bomba nuclear em uma vila africana habitada dizimando centenas de civis inocentes na região de Serra Leoa. A justificativa? Possível foco de manifestação terrorista. Propósitos americanos: testes nucleares. Resultado: Serra Leoa aliada absoluta dos EUA e começo da 2ª Guerra Fria no planeta Terra: meios religiosos contra meios racionais.
Com o passar dos anos, a Guerra Fria trouxe avanços tecnológicos imensuráveis à humanidade, assim como a criação do telescópio russo Obketiv, que revelou inúmeras galáxias, a criação do rifle OS-470 americano com mira termo sensível e projéteis de extremo longo alcance. Talvez uma Guerra Fria não fosse tão ruim, porém, as coisas não ficaram apenas nos avanços tecnológicos, conflitos diplomáticos eram inevitáveis como os choques culturais-religiosos. Por 120 anos, a população mundial esteve completamente dividida. Não havia viagens de países pró-Rússia-China para países pró-EUA, a internet fora dividida de modo que comunicações entre povos diferentes fossem quase impossíveis. Ambos os lados tinham tanto medo de serem influenciados uns pelos outros que foram se distanciando aos poucos até não terem nenhum contato além do necessário.
Nossa história se passa no ano de 2178, onde as alianças militares já haviam sido formadas, onde cada míssil nuclear tinha alvo marcado e os diplomatas davam suas vidas para nunca verem tais armas serem lançadas. Um guerra poderia eclodir a qualquer momento....
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