Chamo querer, simplesmente
Ou simplesmente querer
O derradeiro momento
Em que as velas dos olhos se acendem
E os braços incontidos se abrem
Num voo sem volta
Quando a alma, na ponta do pés
Vai à janela e se embriaga de luz
Ou de lua
Para finalmente despencar
Num despenhadeiro de escuridão e pecado
Queda-livre em direção ao infinito,
Morte anunciada!
Até que emplumadas asas acolhem o corpo
Suspenso por um fio de utopia
Chamo querer, simplesmente
Ou simplesmente querer
O trapézio das bocas coladas
ao desejo do eterno
Caminho de pedras e areia
Mar e temporal,
Novelo do tempo
que consome horas num momento
E eterniza o momento por séculos a fio
Até que um novo instante o absorve
Chamo querer, simplesmente
Ou simplesmente querer
O pecado de amar
e amar, simplesmente
Adormecer a poesia
No mar da pele, no sal da alma
Na ternura de um caminho
matizado por suave temporal
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