SUPERFÍCE |
Edmir Carvalho |
Resumo: estampou silêncios no rosto
e partiu
buscava forteações nos serenos
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estampou silêncios no rosto
e partiu
buscava forteações nos serenos
restou madrugadas
de sentar-se em proa
e rumar para o sol
passando as pedras chorosas
cachoeiras e flores ao redor
todos os cheiros de várzea
sem agonia, meu Deus
razão curta não permitia comparações
em imagens
contemplava simples
os amontoados cachos de bananas no trapiche
nada além de bananas verdes
não vinham idéias de pirâmides ou árvores de natal
cupinzeiros luminosos
eram só vaga-lumes
não cogitava serem estrelas ou luminescências
entre poucas e rudes expressões
pôde chegar a dizer
eu te amo
saía do povoado fazendo incumbências
sem atinar idéias macias
não amava com pensamentos
amava com palpitações
quentura nos olhos
e ardências
sabia observar pássaros em fila por longo tempo
o sossego varria o terreiro à tardezinha
gostava das luas
sentia convocações na pele
e confiava os anos a Deus
sem ir ao íntimo
de pensar
oco
e ralo
não via coisas longes nem fundas
dizia: coisa
se algo lhe era estranho
como as cruzes pequenas
pequeninos que não vingaram
que coisa
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Biografia: Nascido em Monte Alegre no estado do Pará, morando na capital paraense, Belém. Professor de línguas e literatura. Escreve poemas, crônicas e contos. Livro publicado "DIZERUDITO - poemas". Editor do site de literatura www.veropoema.net
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