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O desenho na infância manifesta a forma como a criança percebe e interpreta o mundo ao seu redor. Por meio dos rabiscos, ela representa sua visão de dimensões, cores e expressões de objetos que observa. É comum perceber que a criança desenha repetidamente o mesmo elemento em uma única imagem. Segundo Sio (2004), essa repetição tem como objetivo incorporar, dominar e automatizar um gesto adquirido, um rabisco criado ou um movimento inventado.
Ao desenhar, a criança mergulha em um universo simbólico, no qual o gesto, os sinais e a escrita se entrelaçam. Ela se relaciona com signos, reflete sobre eles e se aperfeiçoa nessa experiência. Suas reflexões fruto de atividades manuais e mentais podem influenciar significativamente sua formação pessoal e seu desempenho social (ARAÚJO & LACERDA, 2013).
De acordo com Sousa (2013), o grafismo infantil e a escrita estão profundamente interligados, fazendo parte de um processo amplo de desenvolvimento cognitivo, social, perceptivo e psicomotor.
O desenvolvimento do grafismo infantil não deve ser visto apenas como resultado de um treinamento técnico. Trata-se de um processo de construção de um sistema de representação, que culmina na produção da escrita como forma de comunicação e expressão (MARTINS, 2007).
Assim, tanto o desenho quanto a escrita devem ser compreendidos como atividades que vão além do simples uso de instrumentos e materiais. Elas envolvem uma simbologia complexa, expressa por meio de signos gráficos, e resultam de um intenso exercício intelectual, emocional e mental.
Greig (2004, apud MARTINS, 2007), ao discutir o ato de rabiscar, aponta que este passa por diversas fases de desenvolvimento, destacando-se a fase dos rabiscos básicos, a transição do gesto ao traçado e, posteriormente, o controle do traçado.
Até os 4 anos de idade, a criança costuma se representar com nariz, boca e olhos, ainda que de forma desordenada, criando figuras curiosas e pouco proporcionais. Após essa fase, esse tipo de representação deixa de ser suficiente para ela. Surge, então, a figura agregada, com o corpo mais verticalizado, e a representação do sexo se torna visível por meio da diferenciação das roupas — calças para meninos e vestidos para meninas (MARTINS, 2007).
A autora ainda afirma que entre os 4 e 5 anos surgem outros tipos de desenhos como paisagens, casinhas e flores. Nessa etapa, o desenho está também intimamente vinculado ao desenvolvimento da escrita. Essa parte do universo adulto exerce um verdadeiro fascínio sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar signos reconhecidos socialmente.
De acordo com Seber (1995), a escrita exerce um verdadeiro fascínio sobre a criança, e isso, bem antes de ela mesma conseguir traçar verdadeiros signos. Ela tenta imitar a escrita dos adultos muito cedo.
Dessa forma, podemos entender que a construção do desenho, vai se aprimorando até chegar à escrita.
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