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Falando de Rugas
Lúcia Edwiges Narbot Ermetice

Desde tempos imemoriais o homem busca o Elixir da Eterna Juventude, bem como a Pedra Filosofal, que transforma qualquer metal em ouro.
Eterna juventude e beleza, sonhos da Humanidade.
Nos tempos de antanho, talvez fosse mais fácil manter o aspecto jovem: morria-se jovem! Não havia tempo para que as marcas do existir aparecessem. Ainda assim, utilizavam-se artifícios para embelezar, poções para cuidar da pele. Quem nunca ouviu falar dos banhos de leite aos quais se dedicava Cleópatra?
Neste século XXI, a expectativa de vida aumentou. Melhorias na Higiene, obras de Saneamento Básico, progressos científicos e tecnológicos na Medicina, propiciam vida mais longa aos que a eles têm acesso. Vive-se mais e, assim, o Tempo agora tem tempo para deixar suas marcas.
Quem vive mais, é óbvio, envelhece. E o homem quer viver mais, mas não quer envelhecer, isto é, ter a aparência de velho. Por isso, sai à luta para buscar recursos com que resolver o paradoxo.
Não à toa, uma das indústrias que mais se desenvolveu, foi a da Cosmética. Auxiliada por sua companheira também desenvolvidíssima, a Publicidade, anuncia seu produtos. “O creme X elimina suas rugas, devolve sua juventude, em apenas sete dias. Experimente e comprove!” Quem não deseja milagres? E o creme X vende mais que pão quente.
Ora, cuidar do corpo é um dever. Afinal, ele é o instrumento para a interação com o mundo.
Diziam os antigos: “Mens sana in corpore sano.” O problema, nos nossos dias, é que a mente ficou insana no quesito cuidar do corpo, e a vaidade predomina. Chegou-se às raias do exagero.
Caras “botocadas”, preenchidas, até deformadas. Muitas enfeiadas, tornadas irreconhecíveis. Sem expressão, sem individualidade, sem identidade.
Inevitável o questionamento: como se sentem estas pessoas quando se olham ao espelho? Reconhecem-se ou não?
Será que vale a pena modificar-se tanto, recusar-se a aceitar o Tempo que se escoa?
Cuidar-se, enfeitar-se, sim. Mas há que haver o equilíbrio. Envelhecer é uma das leis da Natureza, e estas não admitem recursos a instâncias superiores. Cumprem-se e pronto, doa a quem doer.
Rugas, manchas, são marcas que a Vida, em seus embates e alegrias, deixou no corpo humano. São a prova da coragem e da luta no viver, o símbolo da sobrevivência. A única alternativa que o homem tem para não envelhecer, é morrer jovem.
Na vã tentativa de afastar a velhice, o ser humano busca ao menos apagar seus sinais externos. E haja cremes, procedimentos, cirurgias, seja o que for que lhe prometa o milagre da eterna juventude!
Mas, há um grande motivo pelo qual o homem não quer aceitar o envelhecer: a velhice traz junto com ela, companhia inevitável, o temível fantasma que nos assombra a todos: a senhora Morte.


Biografia:
Médica, nascida em 11/12/1944, poeta nas horas vagas, quando a inspiração permitir.
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