Um rio calmo seguindo o seu caminho. Uma pedra jogada no rio forma pequenas ondas. E tudo depois volta ao normal. Pedra parada no fundo do rio, agora rio calmo.
Assim começa o choro. Começa devagar ou aos trancos, mas vem estrangulando, tirando o ar, causando dor no peito e os olhos, pobres olhos, explodem numa torrente de água. É o choro.
Ele pode ser de alegria – é muito bom!
Pode ser por decepção – dói demais.
Por amor perdido – nossa “a dor de cotovelo”
Por infelicidade – esse ganha!
Ou até por motivo nenhum em especial. Só chorar. Só esvaziar a alma.
Mas para mim, o pior choro é o da ingratidão. A ingratidão vem acompanhada pela falta de honestidade, da traição. Você chora pela ingratidão sofrida lembrando de que você em determinado momento foi o porto seguro do teu traidor.
Mas não importa, mesmo eu, você, todos nós somos egoístas ou “esquecidos quando convém”. Não nos lembramos de nada que não nos interessa na oportunidade. O outro que se vire. E se o outro é quem precisa de ajuda - “lamento, mas não posso ajudar no momento”.
Chorar!
Não importa se foi por um amigo, irmão, pai, namorado, marido, filho. Em algum momento de sua vida você vai sentir uma dor tão grande que ela vai explodir como uma represa. É o choro. O motivo pode ser tantos, mas perdem a força aos poucos, se esvaem através das lágrimas.
Depois que o rio seca ficam as pedras.
Não tem mais água, mas tem algo. Algo ficou para trás.
Você já não será a mesma. Depois que se joga a pedra no rio haverá um levante de pequenas ondas (lágrimas) que logo passarão. Mas a calmaria aparente já não é a mesma porque agora você bem lá no fundo tem uma pedra (ressentimento) que se junta a outras ali já existentes. E aos poucos você sem perceber tem um rio repleto de pedras.
Sem perceber você se modifica porque é obrigada a se modificar. Por mais que você chore, se acalme haverá marcas profundas dentro de você.
Pedras que foram atiradas e ficaram no fundo juntas formando a mágoa que é o nosso lodo.
|