Com a distimia que me assola
Uma história hei de contar
Foi numa noite de remandiola
Ó, a lembrança faz-me ourar!
Tarde da noite, ao sono me rendi
Mas em outro lugar acordei
Muitas vozes eu conseguia ouvir
Estava escuro, só disso sei
Em mais de mil línguas ódio escutei
Línguas dum tempo esquecido
Porém certa hora, disso sim eu sei
Algo pode ser entendido
"De Tánatos chamam-me homens mortais
Já que meu nome não conhecem
Veneraram-me em tempos paganais
Mas até hoje estremecem
"Olha em meu rosto, pois sou teu amigo
Pega minha mão, levar-te-ei
Ao ébano da terra sem perigo
Onde meu espírito é rei
"Serás imerso em uma escuridão
Deixarás problemas e a dor
Pega em minha esquelética mão
Não temas o eterno torpor"
Ao ouvir tais palavras de promessa
Juro que senti certo querer
Só te digo que a grotesca conversa
Deu-me uma vontade de morrer
Acordei perante o lume da manhã
E Tánatos não estava ali
Porém minha mente, que já foi mais sã
Sua voz ainda pode ouvir
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