Um piscar de olhos.
Uma das mãos estendidas como se estivesse segurando algo.
Olhando ao redor , um enorme rio, e uma ponte.
O suor começa a descer do rosto rapidamente enquanto a pulsação acelera freneticamente.
Vertigem, boca seca, olha para o relógio ainda em seu pulso, dia 17. 4 horas 40 minutos...mas o sol está muito alto, e sua sombra bem em baixo de seus pés.
Meio dia pensa ele.Volta a olhar para o pulso, o ponteiro está funcionando.
Não sabe se segue em frente atravessando a ponte, ou se segue a estrada para outro caminho.Tem medo de água, mais do que da ponte.
Não consegue entender nada. Aonde está o seu quarto? Aonde está a xícara de café posta na beira do deck da cama japonesa? Aonde está sua casa?????
Caminha completamente desorientado, será que teve a mesma ausência de memória, igual aos seus 18 anos????
Atravessa a ponte sem olhar sequer para os lados correndo. A estrada continua com mato verde alto de ambos os lados e um pouco de pasto.
Mais à frente, cercas, estrada batida de terra até que bem conservada. Mas nenhuma pessoa, nenhuma alma viva, nenhum animal, nem no chão, nem no mato, nem no céu...nada.
Será que morri??
Caminhada árdua, de chinelos ainda nos pés, moleton e camiseta, pijama de casa legítimo...
Duas horas depois consegue avistar um letreiro ao chão em concreto.
" São Valério da Natividade "
Caminha mais alguns metros e chega à entrada da cidade. Pés doendo demais, suado e vermelho de sol.
Entra em um bar, pede um copo de água mas o dono fica com pena do rapaz vermelho de sol, com sotaque diferente e entrega-lhe uma garrafa de água mineral.
- O sr. me perdoe, mas aonde estou?
- Ué, em São Valério da Natividade...
- Sim , mas aonde fica?
Riram todos
- Você está em Tocantins...
Ele sente uma dor estranha e um calafrio enorme vindo da espinha. E resmunga para si próprio mas deixando quase todos ouvirem.
- Mas eu estava agora de madrugada no meu quarto em São Paulo...
Não houve risos.
- Sr. não tenho dinheiro, estou de chinelos e pijama, aquele orelhão faz ligação à cobrar?
- Sim sim.
Saiu tonto e cansado.
Disca e disca.
Do outro lado , uma voz feminina.
- Mãe!
- Oi filho, saiu cedo hoje? Cheguei agora em tua casa e você não está...
- Mãe, escuta, aconteceu uma coisa estranha mãe. Eu estou aqui em Tocantins..
- Como assim , tá doido menino..
- Não mãe, me escuta - com voz embargada.
Sua mãe percebe pondo a mão no peito aflita.
- Me deposita algum valor no banco bradesco, estou sem nada, sem carteira sem nada mãe.
Alguns minutos depois percebe que está distante de casa exatos 1.559 km de distância de sua casa.!!!
De madrugada estava em seu quarto, o relógio marcou exatos 4 horas e 40 minutos, os ponteiros congelaram mas os segundos funcionam normalmente.
São 6.18 H da manhã em São Valério em Tocantins...
Em sua cama, a impressão é de que seu corpo volatizou-se...restando o mp3 ligado, seu edredon e mais nada....
...continua
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