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O morto
Júlio Cezar dos Reis Almeida

Ao morto raramente se poupa elogios.
Todo morto é pródigo em virtudes...Talentos.
O morto é seu próprio monumento.

Ao morto
Tudo se perdoa e se inocenta.

Se crimes cometeu,
Estes serão prescritos
E a pena cumprida em liberdade.

Se dívida tinha,
Esta será perdoada.

Os compromissos assumidos,
Automaticamente desmarcados.

O morto
É, antes de tudo, homem livre.

Isento de obrigações sociais.
De desejos, medos, comichões,
Obrigações econômicas e eleitorais.

De dores, amores e doenças crônicas.

Não verá outros carnavais,
Não temerá os próximos vendavais.

O morto
Parece saciado... Distante.
Parece absorto com o próprio umbigo.

_ Era homem de bem!
_ Bom filho!
_ Ótimo pai!

_ Marido zeloso!
_ Cidadão exemplar!
_ Empregado padrão!

À socapa,
O morto parece rir de tanto adjetivo.
E finge que pra tudo é só ouvidos.


Biografia:
Nascimento: 27.07.1956; Feira de Santana , Bahia.
Número de vezes que este texto foi lido: 59468


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Poesias Parte Júlio Cezar dos Reis Almeida
Poesias Nada Júlio Cezar dos Reis Almeida

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