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DESENVOLVIMENTO PSICOEMOCIONAL
Ismael Monteiro

DESENVOLVIMENTO PSICOEMOCIONAL: A EMOÇÃO COMO ELEMENTO DE FORMAÇÃO NO PROCESSO EDUCACIONAL


1     INTRODUÇÃO

     As emoções podem ser consideradas como parte constitutiva da estrutura humana e definem o comportamento humano. Neste enfoque, elas estão sempre presentes nas atividades humanas e assim, o pensar, o raciocinar sempre requerem um estado emocional que os defina. Aqui, valem as palavras de GUAJARDO, 2003, p. 58): “a qualidade da relação estabelecida com os outros é central para a compre-ensão da experiência do sujeito, a tal ponto que a sua própria sobrevivência depen-derá da relação vincular”.
     Sob o ponto de vista didático, o despertar das emoções construtivas, como a alegria, a cooperação, a solidariedade, na criança deve ser uma preocupação cons-tante do professor durante toda a aula. Dentro deste contexto, a motivação tem um papel fundamental, que é o de fomentar as emoções e fazer com que o aluno possa perceber que está obtendo resultados positivos. O principal fator que determina a qualidade do tônus emocional é justamente a resposta dos pais ou educadores às necessidades apresentadas pela criança.
     Neste aspecto, não basta a escola preocupar-se com a transmissão das in-formações necessárias ao desempenho das crianças no mundo material que os cer-ca, é preciso ir mais longe. A escola precisa ensinar as crianças a se conhecerem melhor, a evoluir emocionalmente, para que possam vir a ter auto-estima e alegria e mostrar-lhes que o fato de elas serem criaturas disciplinadas não é suficiente. Por esses motivos, é absolutamente necessário que as emoções possam ser desperta-das nas crianças para serem utilizadas como fonte de formação no processo educa-cional.

2     JUSTIFICATIVA

     O uso das emoções como instrumento de formação no processo educacio-nal tem sido assunto de muitos teóricos. E um deles foi GOLEMAN (1996, p. 3) ao afirmar que: “emoções são sentimentos a se expressarem em impulsos e numa vas-ta gama de intensidade, gerando idéias, condutas, ações e reações. Quando burila-dos, equilibrados e bem-conduzidos transformam-se em sentimentos elevados, su-blimados, tornando-se, aí sim – virtudes”. Sob esta ótica, o papel do professor con-siste em ensinar os alunos a reconhecer suas emoções, saber categorizá-las e co-municá-las, fazendo-se entender, ajudando-os a serem responsáveis por suas pró-prias necessidades emocionais.
     Nessa linha de pensamento, a partir do momento em que o professor reco-nhece as emoções do aluno (medo, raiva, ciúme, alegria, tristeza vergonha), ele po-de criar uma enorme chance de aumentar a intimidade, transmitir experiências e compartilhar dificuldades.
     Por outro lado, o aluno passa a ser valorizado, legitimado em seus sentimen-tos (mesmo que negativos) e, conseqüentemente, pode fortalecer sua auto-estima, porque ele descobre novas estratégias para lidar com os conflitos, diminui a agressi-vidade em suas relações com o outro, aprende a conviver de uma maneira confortá-vel com os sentimentos negativos, enfim, ele pode transformar um sentimento que o assusta em algo que faz parte da vida, não censurando a si mesmo por seus senti-mentos, mas sim, julgando a decisão do que fazer com estes mesmos sentimentos.
     Compete à escola reservar tempo e espaço em seus programas para iniciar as crianças em projetos de cooperação. A participação de professores e alunos em projetos comuns pode dar origem à aprendizagem de métodos de resolução de con-flitos e construir uma referência para a vida futura dos alunos, enriquecendo a rela-ção professor-aluno. Em razão disso, chama a atenção o fato de que a escolas não devem preocupar-se apenas com a inteligência de cada aluno, mas também com o desenvolvimento de sua capacidade de se relacionar bem com os outros e consigo mesmo.

4. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA   
     
     A educação brasileira está baseada em princípios lineares e os currículos e seus conteúdos assentam-se nos processos intelectuais e cognitivos, deixando de lado os fatores emocionais. Considerando que as emoções estão presentes nos se-res humanos desde a idade infantil, como a alegria, a surpresa, o medo e a dor e muitas outras, questiona-se: “Como o professor deve trabalhar as emoções dos alu-nos, no sentido de torná-las uma importante aliada na formação do educando?” O assunto ficará delimitado ao primeiro ciclo do Ensino Fundamental.


5. OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

–     Desenvolver uma estratégia de ação que permita a utilização das emo-ções na formação do educando.


5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

–     Analisar a importância do desenvolvimento emocional na criança.
–     Conhecer a classificação das emoções.
–     Analisar o papel do professor no constructo emocional da criança.


6 REFERENCIAL TEÓRICO

     Segundo RESEGUE et al. (2004, p. 3), a criança de seis a oito anos vive num mundo intuitivo muito forte, o que é importante para conseguir compreender as características dos fenômenos fisicos e sociais que o cerca. É nesta idade que a cri-ança, possivelmente estará nas séries iniciais do ensino fundamental, participando com os objetos, brincadeiras de “faz-de-conta” e uma “socialização doméstica” que estabeleça relações de cooperação, assim como, o adestramento dos institutos, on-de ela, através de seu sistema de auto-regulações poderá construir uma estrutura que a capacite para o entendimento de relações reversíveis (de transformações) sem a qual não teria a possibilidade de se socializar e de se alfabetizar.
     Esse conjunto de informações significativas proporcionada pela escola e pe-los pais, pode facilitar a conduta exploratória da criança ou nela interfere, já que fixa limites e fronteiras para o seu deslocamento. Os estudos de GUAJARDO (2003, p. 60), apontam que: “se a imagem do mundo e das pessoas é negativa, a autonomia e a busca externa de informação serão limitadas pelo temor da criança de fazer explo-ração em um mundo perigoso; ao contrário, se a imagem construída é positiva, a conduta de exploração será estimulada e a criança demonstrará confiança em seus deslocamentos”.
     Nessa linha de pensamento, CHALITA (2001, p. 21), em sua obra: “Educa-ção: a solução está no afeto”, aponta um caminho: o afeto como ponto de partida. Neste contexto, ele reflexiona várias atitudes tendo como fundo, o afeto que deve permear todas as relações educacionais. Essa “receita” de afeto é tida pelo autor como uma solução para os problemas da escola e da família, dentro do contexto da ação educadora, e no qual a habilidade emocional, tem um papel essencial.
     É importante salientar, que não só o afeto é importante. O desenvolvimento da criança é marcado, nessa etapa da vida, pela construção de conhecimentos e investigação, no qual ela começa a perceber as suas atividades, brincadeiras, jogos, deveres, responsabilidades e círculos de amizade. VIGOSTKY (2003, p. 15) discute como o comportamento humano evolui de uma constituição hereditária para uma determinação social, na qual a criança está totalmente vinculada com a estrutura do ambiente que vive. Por isso, o papel exercido pela educação na formação do ser humano e por conseguinte, da sociedade, é muito importante.
     Vale ainda ressaltar que, é nesta fase da escolaridade que a criança começa a formar o pensamento lógico e a formação de valores éticos e morais, dentre os quais, a noção de justo e injusto, direitos e deveres e responsabilidades, como pos-tula RESEGUE et al. (2004, p. 3).
     Na leitura desses teóricos, pode-se perceber que o trabalho com a emoção é fundamental, porque a criança, tendo um conhecimento adequado sobre o assunto, “criará uma maneira particular de ver o mundo, os outros e a si mesma, através de um prisma que ‘matiza’ as experiências vividas e que dá um sentido coerente e uni-tário às vivências do sujeito”, como afirma GUAJARDO (2003, p. 60). Outrossim, cumpre apresentar uma classificação das emoções.
     Ao abordar o assunto, SILVA (2004, p. 2), classifica as emoções em básicas ou primárias. Fazem parte deste grupo de emoções: a alegria, a cólera, o medo, a tristeza. Uma outra categoria de emoções são as ligadas a estimulação sensorial e relacionadas à percepção/sensação do que é agradável ou desagradável dos obje-tos, como a dor, a repugnância, o desprazer e o prazer. Há também as emoções que se referem à auto-estima, como a vergonha, o orgulho, a culpa e o remorso, além dos sentimentos e fracasso. Quanto as emoções referentes a outras pessoas, elas surgem diante da relação percebida da pessoa com outras, como o ciúme, o amor, a inveja e o ódio.
     Esse conjunto de informações deixa claro o papel das emoções, que preci-sam ser aproveitadas num contexto construtivo, porque:

     A função básica da educação não está em identificar, para cada aluno um conjunto de verdades que ele deve levar consigo, através de sua vida. Ao invés disso, con-siste em ajudar cada estudante a aprender como aprender, como adaptar-se às modificações, como envolver-se nas exigências da vida diária, com sensibilidade e franqueza, como descobrir e avaliar o novo sentido que o seu meio lhe oferece, e como efetivamente contribuir para melhorar as condições da sociedade.
     (...)
     As escolas não devem ser centros de desenvolvimento intelectual, apenas, mas, sim, de desenvolvimento humano.

     Paralelamente a isso, o professor, dentre todos os personagens que inte-gram uma instituição educacional deve desempenhar o papel principal, porque cabe-lhe a tarefa de se apresentar várias horas por dia perante uma ou mais platéias de alunos, que não é nada fácil de cativar. Por isso, ele deve ter algumas habilidades emocionais, que são consideradas importantes para que ele alcance seus objetivos. Dentre elas, podem ser citados: o controle do temperamento, adaptabilidade, persis-tência, amizade, respeito, amabilidade e empatia. Apropriadamente GOLEMAN (1996, p. 15) apresenta alguns níveis de Inteligência Emocional, que em resumo, são:
1)     auto-conhecimento emocional – autoconsciência: conhecimento que o ser humano tem de si próprio, de seus sentimentos ou intuição. Esta competência é fundamental para que o homem tenha confiança em si e conheça seus pontos fortes e fracos;
2)     Controle emocional – capacidade de gerenciar os sentimentos: é impor-tante saber lidar com os sentimentos. A pessoa que sabe controlar seus próprios sentimentos se dá bem em qualquer lugar que esteja ou em qualquer ato que realize;
3)     Auto-motivação – Ter vontade de realizar, otimismo: pôr as emoções a serviço de uma meta. A pessoa otimista consegue realizar tudo que pla-neja pois tem consciência que todos os problemas são contornáveis e resolvíveis;
4)     Reconhecer emoções nos outros – Empatia: saber se colocar no lugar do outro. Perceber o outro. Captar o sentimento do outro. A calma é funda-mental para que isso aconteça. Os problemas devem ser resolvidos atra-vés de conversas claras. As explosões devem ser evitadas para que não prejudique o relacionamento com os outros.
5)     Habilidade em relacionamentos inter-pessoais – Aptidão social: a capaci-dade que a pessoa deve ter para lidar com emoções do grupo A arte dos relacionamentos deve-se, em grande parte a saber lidar com as emoções do outro. Saber trabalhar em equipe é fundamental no mundo atual.
     Essas informações fazem parte de um conhecimento que o professor preci-sa ter, pois, pode-se dizer que aquilo que o professor ensina em sua prática docente está embebido por sua própria personalidade. Desse modo, a inteligência emocional do professor pode ser uma das variáveis que melhor explica a criação de uma aula emocionalmente inteligente.
     Outrossim, para adquirir a percepção acurada com relação aos alunos, LEMBO (1975, p. 99), apresenta um quadro que evidencia um bom professor, que deve possuir as seguintes premissas, que vão a seguir, citadas na íntegra:

a)     Ele se identifica com as outras pessoas. Considera-se uma das outras pessoas: está alegre quando estão alegres, triste quando estão tristes, interessado quan-do estão tristes, interessado quando estão interessadas. Sente-se identificado com a condição humana.
b)     Considera-se capaz de enfrentar os desafios e problemas da vida. Acredita-se capaz de aceitar cada fase da vida, de viver conforme os acontecimentos. Não se considera fracassado.
c)     Considera-se aceito, necessário e desejado pelos outros. Acredita que seu jul-gamento e suas aptidões são valorizados e que os outros vêem nele certo valor.
d)     Consegue olhar para si mesmo com honestidade – ver-se com o mínimo de dis-torção e atitude defensiva. É capaz de enfrentar seus sentimentos e seu com-portamento. É capaz de indagar de si mesmo porque sente e age como faz. Tem a capacidade de buscar respostas honestas a perguntas como estas, por exemplo: "Por que me senti ameaçado pela discussão de hoje, na classe?” “Por que critiquei o aluno que discordou de mim?” “Por que fiquei zangado com os alunos que não participaram ativamente da aula?” A capacidade de olhar para si mesmo, com franqueza e honestidade, está entre as mais importantes capa-cidades de reação de um bom professor.
     
     São estas em linhas gerais, as atitudes que se espera de um professor pre-ocupado com as emoções dos alunos. A influência dessas teorias sobre a educação pode ser positiva, desde que se leve em conta que a participação de professores e alunos em projetos comuns de relacionamento pode dar origem à aprendizagem de métodos de resolução de conflitos e construir uma referência para a vida futura dos alunos, enriquecendo a relação professor/aluno.


7 METODOLOGIA

     A metodologia escolhida para o futuro trabalho será a bibliográfica, em razão de que “as pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõe a análise das diversas posições acerca de um problema, costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas”.(GIL, 1991, p. 48). Isso encontra semelhança com o estudo a ser realizado, porque pretende-se analisar a influência das emoções na formação do aluno.


8 REFERÊNCIAS

CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente, 2001.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1996.

GUAJARDO, Eugenio Saavedra. A emoção na construção de significados. Pátio Revista Pedagogica. Ano VII. N. 27. Porto Alegre, RS: Armed, agosto/outubro/2003.

LEMBO, J.M. Por que falham os professores. São Paulo: EPU, 1975.

RESEGUE, Rosa et al. Desenvolvimento da criança. Disponível em www.unifesp.com.br Acesso em 23/abr/2004.

VIGOSTKI, Liev Semionovich. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed Edito-ra, 2003.

SILVA, José Aparecido da. As emoções. Disponível em jadsilva@ffclrp.usp.br Acesso em 24/maio/2004.


Biografia:
Sou pesquisador científico há vários anos e possuo conhecimento sobre diversas áreas.
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