Essa estória com certeza
Não é nada divertida
Vou relatar a proeza
Sem por rima repetida
A convite da Marquesa
A corte foi reunida
E a Maga Yan chinesa
Sumiu com toda bebida!
Por tamanha avareza
A megera foi punida
A rigor com aspereza
Aos leões foi remetida
Uns acharam malvadeza
Outros pena merecida
Mas as feras libanesas
Por ser fã da pervertida!
Só cheirou a sobremesa
E deu crédito a bandida
Aprovando a destreza
Dela, que foi prevenida
Por contenção de despesa
A cambada era mantida
Vegetariana lesa
De tanta alfafa cozida!
Sua vertical magreza
De perfil foi escondida
Entre a tropa holandesa
Era a quenga preferida
O perfume, a leveza.
Oriental garantida
Debaixo da safadeza
Da militancia fedida!
E não causou estranheza
Ou dá ou desce, decida!
Aos olhos das polonesas
Beatas santas polidas
No colo da fortaleza
A gueixa foi transferida
Para outra redondeza
E fez-se página lida!
E o sol não deu moleza
Era areia derretida
Ou miragem, ou fraqueza
Ao calor da febre ardida
Hora brisa, natureza
Hora suor, dor sofrida
Por suposta framboesa
Apostaram até corrida!
E acharam a correnteza
Era água toda vida
Lá na Fonte da Pureza
Como era conhecida
Ninguém teve a fineza
De dar uma só lambida
Em respeito à vela acesa
E a lápide esculpida!
Aqui jaz, tão indefesa
Neste rio com formicida
Bela jovem portuguesa
Que foi pega distraída
Pela morte na frieza
De uma só engolida
Dá um adeus à francesa
Para não ser socorrida!
De uma delicadeza
A toda prova cabida
Dona de uma grandeza
Ó pequena incompreendida
Na hora da incerteza
Matou a sede contida
Contraindo a forma obesa
Pela ação do inseticida!
Num relato de tristeza
Neste ponto de partida
Ei-la, singular beleza
De corpo e alma ungida
Pela virginal firmeza
De paixão não resolvida
Morre com a sutileza
De uma rosa caída!
Às ordens de Sua Alteza
Seu Pai, o Rei, atendidas
Uma ceia finlandesa
Com excêntricas comidas
E mulher que pega a presa
Pelo estômago engravida
Assim discursou Tereza
A cozinheira atrevida!
E por ti minha princesa
Não se vá de oferecida
Mire-se na esperteza
Das mulheres mais vividas
Que o Lorde na agudeza
De um zoom sob medida
Aos anéis de baronesa
No banquete à rã mexida!
Hoje mora em Veneza
Em lua de mel comprida
Terezinha, a camponesa
A que fez a rã moída
Com sabor de calabresa
De sexta-feira benzida
E o Barão lambeu a mesa
Já de fome possuída!
Nem notou a Realeza
Passou tão despercebida
Foi assim que a pobreza
Da mucama mal vestida
Transformou-se em riqueza
E a donzela iludida
Às margens desta represa
Descansa em paz, Margarida!
|