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PAZ E ALEGRIA
Trovadores com Chico Xavier
Carlos Roberto Fernandes

Paz e Alegria, livro lançado pela Cultura Espírita União e com prefácio de Emmanuel datado em 10 de junho de 1981, é assinado por espíritos trovadores diversos.

No prefácio de Paz e Alegria, composto com 183 trovas distribuídas em 26 temas, o espírito Emmanuel, à página 24, reafirma o conceito de trova: “A poesia é um idioma próprio, dentro de cada idioma. E a trova é a essência da própria poesia. Em quatro linhas pequenas, o poeta fixa grandes lições, qual se condensasse os próprios sonhos e anseios, dores e regozijos, nesse diminuto brilhante do pensamento.”

“Essência da própria poesia”, “brilhante do pensamento” é a síntese conceitual de Emmanuel sobre a arte poética da trova, descartando a concepção da ignorância, inclusive de muitos acadêmicos, de que trova é poesia menor, composição fácil, sem elaboração respeitável do ponto de vista formal.

A sabedoria poética sintetizada no pensamento formalizado em uma trova é o objetivo da chamada trova perfeita e que pode ser encontrada na maioria das produções poéticas psicografadas por Chico Xavier.

Vejamos alguns dos muitos exemplos de filosofia histórica de algumas trovas constantes em Paz e Alegria, das quais busco extrair a essência do pensamento do poeta (espírito):
- José Albano afirma ser o progresso uma obra de ousadia e de esforço consistindo em desaprender muita coisa para aprender o que é justo.
- Sabino Batista ensina ser ventura algo a ser fruído na aceitação do próprio dever.
- Para Milton da Cruz felicidade se forma com cicatrizes a partir da noção de bem e de mal.
- Lourenço Prado destaca: ninguém pode pensar por ninguém.
- Chiquito de Morais: cada pessoa gira em torno da própria mente.
- Pedro Silva: Deus não cria pessoas com cópias e por isso ventura é conseqüente ao jeito de ser de cada um.
- Para Sebastião Lasneau o roteiro para vida renovada é trabalho incessante.
- Segundo Noel de Carvalho desgosto é mensagem, aviso enviado por Deus.
- Para Jaks Aboab a vida vem de Deus e o destino vem de cada um de nós.
- Segundo Casimiro a alegria é vida sadia de quem não deixa para amanhã a ação a ser feita agora.
- Para Ormando Candelária, o socorro do céu diante dos problemas humanos chega para quem serve sem medo.
- Segundo Silveira Carvalho é mais fácil ser bom do que ser justo.
- Para Franklin de Almeida liberdade só existe no cumprimento do dever.
- Ainda para Jaks Aboab vitória significa vencer a dominância da paixão em nós mesmos.
- Para Pedro Silva a fortuna desmascara e não muda ninguém.
- Segundo Fidélis Alves quem não trabalha não descansa.
- Para Lobo da Costa ventura perfeita vem de bênçãos repartidas.
- Abel Gomes diz que o importante não é o que padecemos mas a nossa reação diante dos padecimentos.
- De novo Sebastião Lasneau dirá que indecisão amontoa fadiga vã sem chegar a lugar algum.
- Américo Falcão, o Poeta Magnífico, ensina que o rio caminha mais baixo que os seus afluentes para alcançar altíssimas vastidões.
- Para Sebastião Rios o bem dos vizinhos deve estar acima de nossos desejos se quisermos alegria e bem.
- Novamente, segundo Pedro Silva afastar-se do bem é caminhar para trás.
- Para Lourenço Prado o nosso destino é construído de acordo com aquilo que pensamos.
- Aprender a sorrir e saber chorar é a lição de Marcelo Gama.
- Vence a tempestade quem passa por ela sem medo é a lição de Oscar Batista.
- Para Deraldo Neville a existência do passado só se justifica em caráter de ensinamento.
- Novamente Chiquito de Moraes dirá que descanso sem necessidade e indagação sem proveito são duas causas de insucesso.
- Quem mais ama mais serve, quem triunfa mais perdoa é a lição de Silva Lobato.
- Para Sabino Batista não perder a esperança e ter o bem por dever são as razões do desenvolvimento.
- Alma grande sabe o valor da vela no momento da escuridão é a lição de Mário de Azevedo.
- O mal de vidas passadas é solucionado nas grandes provas – eis a lição de Leôncio Correa.
- Nas juras de amor escorrem muitas mentiras é o que ensina Marcelo Gama.
- Para evitar desgosto e mágoa precisamos saber que cada um dá aquilo que tem: é o que ensina Noel de Carvalho.
- Afeto precisa de sempre mais luz porque nem Deus afastou a serpente de Adão e Eva é a lição de Sílvio Fontoura.
- Nas falhas de amor somente Deus conhece o culpado é o que ensina Nascimento Moraes (pai).     
- Diz Oscar Batista: “No pau de sebo da vida” amor livre é nota falsa.
- Sem luta e sem erro ninguém pensa nem sabe se está na Terra é o ensinamento de Ormando Candelária Irmão.
- Entre parentes reencarnados está a cobrança das culpas de casamento é o que leciona Juca Muniz.
- Razão que ama e coração que não deseja é infelicidade para o homem ou para a mulher é a lição de Chiquito de Moraes.
- Na traição de homem toda mulher está em vigília, ensina Lulu Parola.
- Casamento é navio colocado ao mar e só Deus sabe o destino é a conclusão de Deraldo Neville.
- Mesmo com sofrimento é melhor casar que não casar, garante Juvenal Galeno.
- Colhemos depois da morte o que fizemos de nós na terra, adverte Rodrigues de Carvalho.
-Toda pessoa tem um tempo determinado, profetiza Chiquito de Moraes.
- Para Pedro Silva morte é apenas mudança.
- A vida é presença da morte, segundo Castro Lopes.
- Para Antônio Azevedo, a morte não provocada é recomeço de vida e nova estrada.
- Pedradas do insucesso ensinam o valor do progresso. É o que pensa Noel de Carvalho.
- Só se toca em ferida quem tem o poder da cura, adverte Leôncio Correa.

A arte poética da trova, notadamente na obra mediúnica de Chico Xavier, tem uma planificação eminentemente educativa e, em particular, de educação espírita, destacando a função socioeducativa da poesia.

Os poetas desencarnados, escrevendo por via mediúnica, parecem não concordar muito com teorias poéticas do mundo esterilizadas na paixão da forma pela forma, de um subjetivismo ou de um “eu” narcísico: o conceito de poeticidade na obra mediúnica de poetas passa pelo crivo daquela função socioeducativa para desenvolvimento do espírito imortal.

No cultivo da arte poética em geral e da arte poética da trova em particular, a tarefa do poeta na obra mediúnica de Chico Xavier não é estruturalmente expressar conteúdos do eu-profundo; ao contrário, é subordinar a expressão do eu-profundo ao conteúdo espírita ou evangélico capaz de modificar inclusive aquele eu-profundo do poeta e de quem o leia.

O eu-poético é ou deverá tornar-se eu-espírita e não um eu-metafórico; conseqüentemente a concepção de linguagem poética, notadamente na obra mediúnica de Chico Xavier, não valoriza a metáfora e o ritmo por si sós. Metáfora e ritmo estão subordinados à função socioeducativa ou função evangélica (ou, ainda, função espírita) da arte poética.

Os poetas desencarnados, ao contrário dos poetas encarnados e ao contrário deles próprios quando encarnados, fazem da linguagem direta evangelizada a presença plena da poesia; na terra supõe-se que a linguagem direta é ausência de poesia.

A arte poética em geral e a arte poética da trova na obra mediúnica de Chico Xavier não expressa o verossímil, o possível, não é a-histórica; ao contrário, é histórica e expressa a realidade espírita da vida, seja em seu estado espiritual ou corpóreo.

Finalmente, o livro PAZ E ALEGRIA, no ano 2000 estava em sua 4a. edição, com 33 mil exemplares publicados.


Biografia:
Carlos Roberto Fernandes, nascido em Uberaba-MG, a 24 de maio de 1962; graduou-se em Enfermagem pela UFTM; fez mestrado em Enfermagem pela UFMG. Em 1994 mudou-se para Belo Horizonte e em 2008 radicou-se no Espírito Santo. Poeta, trovador, escritor tem publicado poesia e prosa no seu site pessoal (www.carlosfernandes.prosaeverso.net) Foi membro da UBT, Delegacia Uberaba-MG, junto à poetisa Eva Reis. Desde 2007 suas publicações em livro estão na área científica: Violência Moral na Enfermagem (AB Editora, de Goiânia) e Fundamentos do Processo Saúde-Doença-Cuidado (Editora Águia Dourada, Rio de Janeiro) são seus dois últimos livros. Em 2008 participou da "3a. Antologia Poética-Literária edição histórica - AVBL", publicando trovas e sonetos de sua autoria.
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