A MULA FUGITIVA
Era cedo. Uma multidão de mosquitos voava sorridentes. Todos queriam picar uma mula que não sabia para onde fugir. Um trovão no céu anunciava a chuva. Quanto mais a mula corria mais os mosquitos sorridentes avançavam. De repente ela entrou numa caverna e deitou-se em cima de um pelego ou coberta que parecia muito aconchegante. Ficou contente de ter encontrado um lugar quente para ficar e longe dos mosquitos sorridentes que não enxergavam no escuro. Tudo era calmo. Uma paz inebriante jazia no local. Dava até para pensar em voz alta pensava a mula. Ela fazia planos. Queria casar com um cavalo ou burrico mesmo. Mas tava difícil. Mandara vários emails para esses sites de casamento e nada conseguira. De repente a sua coberta aconchegante começou a se mexer. Por uns momentos ela pensou que a coberta estava viva. De repente ela ouviu aquele som estridente: uuuuuuuuuuhhhhhhhhhhhh! Meu Deus, pensou ela, sua coberta falava também! E se coçava muito! Pasmem leitores não era uma coberta, mas era um urso que havia hibernado há oito meses. Num primeiro momento a mula assustou-se muito, pois estava sentada no colo do urso que não havia gostado nada da história. Ela pensou então: puxa posso convidá-lo para ser meu namorado! Daria um belo casal. Mas o urso, possivelmente tinha sua ursa. Seu coração estava tomado. A mula desmontou e teve que fugir, pois um urso com 8 meses sem comer, naturalmente iria saborear a mula, que era gordinha. Dai vejam a história: o urso corria atrás da mula que fugia dos mosquitos sorridentes. Pronto! Estava feito o angu. Naquela correria toda só sobrou uma opção, a mula atirou-se num rio e fugiu de todos. Puxa pensou ela, estava salva! Mas ela não poderia ficar eternamente no rio, pois não era peixe. Como se não bastasse seus azares, o rio estava cheio de piranhas e a mula teve que nadar urgentemente para as margens se não viraria picadinho. Puxa, como era duro viver, pensava a mula! Foge daqui, foge dali, foge prá lá. Será que a sua vida seria uma eterna fuga? Não, minha filha, era um cão-pastor, hábil em dar conselhos que lhe fala. Ele disse: Você não foge, apenas se esquiva de seus inimigos, o que é normal. Enfrentá-los seria perigoso para você, pois no mundo animal é assim mesmo, o mais forte quer comer o mais fraco! Porque você não se veste de ser humano? No mundo dos humanos, ninguém quer comer o outro, mas vivem se bicando com intrigas, ódio, malquerência...
A mula refletiu: ela vivia fugindo mas era feliz! No mundo animal não tinha intrigas, todos brigavam pelo que comer! Sair desse mundo, nem pensar! Desse modo, não podemos fugir do mundo, pois há sempre devoradores, cumpre que cada um aja com humildade e não vire um devorador!
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