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O MEU E ÚLTIMO "SANDUBA" CHAMADO BAURU
HSERPA

O MEU PRIMEIRO E ÚLTIMO “SANDUBA” CHAMADO BAURÚ

Estávamos no baile da minha formatura do ginasial que ocorreu em uma sociedade afastada da cidade e num bairro que eu nunca imaginaria estudar.

No colégio onde estudava antes, para mim e mais uns três amigos a coisa não estava muito boa e as chances de reprovarmos eram consideráveis.

Em face disto procuramos algum colégio mais fácil e que ainda aceitasse a nossa transferência já naquele período avançado do ano letivo e o único que encontramos foi aquele.

Naquela época os bairros eram bem limitados em classes bem especificas, tanto financeira como culturalmente, da sociedade.

Nós éramos cabeludos, coisa ainda não bem aceita em todos os lugares e não era diferente lá naquele colégio.

A contracultura ainda não tinha chegado lá, mas sempre soube conviver em ambientes hostis ou não muito favoráveis para o meu lado, ou seja, quase todos, pelo menos na minha cabeça.

Eu era muito tímido com as garotas, o que constratava com a minha aparência, mas independente disto, eu é que não ia me meter a besta com as garotas do lugar, pois era só o que os caras esperavam para caírem de pau em cima de nós.

Mas não demos mole e conseguimos chegar ao final do ano aprovados e ainda elogiados: “Apesar da aparência que causaram na chegada superaram todas as expectativas e terminamos o ano considerando-os ótimos colegas e amigos chegados" foram as palavras que recebemos.

Foi uma boa e emocionante experiência.

O colégio ficava a uns quarenta minutos das nossas casas que ficava num bairro mais “nobre” e íamos e voltávamos a pé todo dia nos divertindo.

Até que chegou a formatura e tive que comprar o meu primeiro paletó e como sempre gostei de roupas um pouco extravagante, como calça amarela ou azul clara, comprei um quase branco ao invés de um mais neutro.

Naquela época as roupas, principalmente as calças, eram mandadas para serem feitas em costureiras, daí os meus erros nos panos.

Na formatura cada um tinha a sua madrinha e a minha tinha uma grande queda por mim e eu por outra que também estava dando alguma bola, então rolaram muitos namoricos.

A turma de convidados do nosso lado era grande e depois de danças aqui e ali e umas bebidinhas aqui e outras também a noite foi passando.

Alguns dias antes já tinhamos comemorado com um ou dois professores em um reservado de um bar conhecido por suas batidinhas e onde depois, de um par delas, comi pela primeira vez uma fritada de rã. Alimento ainda raro naquela época e só “embalado” para comê-las

Quando o baile foi terminando já bem de madrugada um destes professores, numa conversa de fim de noite, disse que estava saindo do baile e indo direto para Camboriu em Santa Catarina onde se casaria à noite e perguntou se eu e um colega não gostaríamos de ir junto, fazendo companhia e participar da festa à noite e voltar, imediatamente depois, novamente para Curitiba com eles.

Não precisou perguntar duas vezes. Passei em casa, troquei o terno e avisei a minha mãe da viagem e lá fomos.

Chegando lá o professor deixou o carro aberto na frente do prédio onde ele ia ficar e onde nós poderíamos ficar descansando quando quiséssemos e subiu para os seus preparativos dando também o endereço do restaurante onde seria a festança à noite.

E não apareceu mais deixando nós na mão numa praia enorme e que não conhecíamos e sem nenhum dinheiro e tinhamos ido achando que teríamos todas as mordomias.

Mas que nada o que ele queria era só companhia para não dormir na viagem e nem perguntou se teríamos dinheiro para nos virarmos até à noite, coisa que não tínhamos.

Quando a fome bateu contamos os nossos trocados, que tinham sobrado do baile, e indo a uma lanchonete vimos que a “verba” só era suficiente para o tal Bauru e vendo a descrição do mesmo arriscamos e pedimos.

Quando o rapaz colocou em cima do balcão o dito sanduíche olhamos um para o outro e vimos que tínhamos feito um péssimo investimento. Duas fatias de pão de forma cobriam uma ou duas fatias de queijo e uma rodela de tomate partido em diagonal e com um palito enfiado como brinde.

Eu acho que foi umas duas mordidas para cada um e ficamos o resto do dia “fulos” com aquele professor que nos deixou naquela fria.

Aquela janta, que foi sensacional, claro, com a fome que estávamos, mas não compensou termos passarmos todo aquele dia em uma praia que ainda não conhecíamos e numa insegurança total se, afinal aquele professor ia aparecer ou não para nos levar embora.

O castigo dele foi que após os festejos, ao invés de vir namorando em privacidade com a sua noiva, teve que vir acompanhado com dois adolescentes roncando de tanto dormir, no banco de trás, e recebendo olhares de reprovação da noiva que não falou nada durante a viagem inteira.

O professor quis aproveitar até o último momento de sua solteirice e depois acabou nos envolvendo.

Mas, com certeza, aquele casamento começou muito mal e provavelmente não deve ter ido muito longe, assim como a nossa vontade de voltar a comer Bauru.

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"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de sí mesmo' Roselis von Sass - graal.org.br





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Uma vida inteira em busca da realização do saber seguinte: "Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass – www.graal.org.br www.hserpa.prosaeverso.net
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