LEMBRANÇAS EM PEDAÇOS
Marco Aurélio Chagas
Na esquina de minha casa,
D. Leontina, aleijada,
no armazém do seu Caleb,
pedia esmola, a coitada!
No armazém do seu Malva,
lá no outro quarteirão,
a gente ia ali comprar
fieira para o peão.
Na loja do seu Tanaka
após o Cine Regente,
Cana Síria ia comprar.
Havia ali muita gente!
Iamos ao Praia Clube,
na manhã de domingo.
No almoço a macarronada.
A tarde jogava bingo.
No final do mês de junho
das férias, era o início,
comemorando São Pedro
e terminando o suplício.
Faziam parte da vida,
bola de gude e peão,
sem falar do papagaio
que ia ao ar, que emoção!
Após as chuvas, a finca
era o brinquedo ideal,
jogada ao solo molhado,
lá no fundo do quintal.
A noitinha mãe-da-rua
toda criança brincava,
indo de um lado a outro
num pé só que se pulava.
O chicotinho queimado
a garotada gostava,
frio, quente, quente, frio
e o escondido se achava.
Maria Viola também
era muito divertido:
com quem agora está a bola
que alguém havia escondido.
Nessas férias escolares
brincadeiras não faltavam.
Manhãs e tardes inteiras
e que a todos agradavam.
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