Mexer tanto assim com a língua
Pode dar áfta e até virar íngua...
O trema fugiu de repente
O hífen confundiu muita gente.
Ora, pois, não há quem aguente.
A fôrma embolou o acento
A forma bolou um belo bolo
Agora, fôrma pode ser forma.
Pôde acompanhou Polo Norte
Pôr assim dizer, o Polo Sul...
E nós todos com cara de tolo
Temos de dizer que o verde é azul.
Essa língua é mesma de morte.
E o lusófono desentendido que trema
Principalmente o lusitano da gema
Que gema por dor de consolo.
Ou que trema de tanta emoção
Quiça, por circum-navegação...
Temos de respeitar os hermeneutas da língua.
São autoridades dessa exege, que míngua...
Movendo o pensamento
O pensamento não é movido,
Ele se move aleatoriamente
E muitas vezes nos mente.
Ele é demais de atrevido
Imbuindo o nosso sentido
Aos assuntos até repelentes.
Você e eu nos estertores do amor
Parece que, amar demais é morrer...
A alucinação toma conta da mente;
Perdemos a identidade, é a idade...
Com o tempo será bem diferente,
Diferença radical, o filho na frente
Fará o gran-final, é a maturidade.
Vida que nos foi herdade de crer
Na continuidade de tudo vencer.
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