Cutuca o outro:
- Olha.
- O quê?
- Ali.
- Ah...
A mulher vem se aproximando. Gorda e desengonçada, o biquíni ameaça rebentar a qualquer momento.
- Ei, gostosinha!!!
É um murmúrio, apenas; mas a mulher ouve.
- Qual é?
- Hã?
- Qual é?
- Nada não, dona. Tava aqui falando com meu amigo...
- Falando de mim!
- Que é isso, dona. A gente não tava falando da senhora, não...
A mulher fecha ainda mais a cara, faz aquele gesto típico “aqui pra vocês ó!”, e vai embora dizendo palavrão.
Quando ela chega numa distância razoável, os dois começam a gargalhar.
- Cara, eu pensei que ela fosse bater na gente!
- Tu é doido, mano!
E é aquela crise de riso. Rolam na areia, de tanto que riem.
- Ih, olha aí!
Não dá tempo de escapar. A gorda e mais duas amigas caem em cima deles e tome tabefe nos playboyzinhos.
Em volta do grupo, os banhistas gritam:
- Bate mais!
- Separa, separa!
- Acaba com eles!
- Valha-me, meu Deus!
- É isso aí!
Em boa hora, a polícia chega junto e - apesar de enérgica - só a muito custo consegue conter os ânimos.
A situação é devidamente esclarecida e os rapazes - assustadíssimos - dão no pé.
Nunca mais serão vistos naquela parte da praia.
Já a gorda valentona se torna bastante popular por ali. Quando ela passa - sozinha ou com as amigas - todos fazem questão de cumprimentá-la.
Todos mesmo, sem exceção.
- Dona Marta é a rainha da praia!
Se agora alguém, porventura, cogita em fazer pilhéria, pode ter certeza de que isso fica bem trancafiado no pensamento.
- Boa tarde, dona Marta. Que dia lindo, hem?
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