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Resgate
Clau

Resumo:
Uma história de luta e apelo, envolvendo sentimentos de solidão, perda, culpa.Reavaliação de todo um momento ou de toda uma vida.

Acordei. O quarto estava escuro, a porta fechada. Vazio,silente. Olhei ao redor, tudo muito limpo, tudo muito claro e calmo.Se havia algum barulho na fora? Não sei, nada ouvia.Após alguns instantes mexi meu braço direito, mas estava pesado não podia me mover.Esforcei-me para olhar para o lado e vi um jarro com flores, e uma tina de água com um copo ao lado, vazio. Tudo vazio.
     Nas parede via vultos do que pareciam ser retratos. Vários deles.Esforçando meus olhos vi algumas crianças neles, vi casais. Franzi a testa e senti dor.Parei. Fixei meus olhos para baixo, nas cobertas: retalhos, lindos, coloridos. A pouca luz do sol pela fresta na parede me permitia ver as tonalidades de cada tecido; alguns com mancha, outros costurados, outros semi-novos.Que carinho. Quem cuidava de mim?
     Na minha frente uma parede bem clara, um relógio que n]ao sei se apontava 4 ou 5 e meia.Não sabia se era da manhã ou da tarde.Minha mente aos poucos retornava.Sentia frio.Não alcançava a manta sobre meus pés e nem eles conseguia movê-los.Paralítica?Não sei.
     Após alguns momentos exercitando a mente em zig zags no tempo, nada parecia claro para eu ter chegado até ali.O travesseiro estava macio demais e meus olhos pesavam novamente. Relutei em dormir e lutava com as pálpebras como quem é soldado de guerra.Venci ! Precisava reorganizar pensamentos, ideias, ter palavras e versos para quando a porta se abrisse, soubesse o que falar, com quem quer que fosse : enfermeira, general, freira,bruxa...
     Senti a garganta seca e vontade de gritar, de verdade.Alguém me ouviria?Eu não sei.Mas queria tentar;pelo menos, tentar! Num quarto tão grande, sei que alguém lá fora iria me ouvir e mais cedo ou mais tarde aquela grande porta iria se abrir e estaria livre prá voltar à minha vida normal de....
     De repente, uma forte dor de cabeça. Que medo! Foi então que gritei. Muito, altíssimo, com todas as minhas forças, palavras de socorro, aflição, ajuda!
     A porta grande e branca ia se abrindo aos poucos.Senti num alívio todo o medo e toda a dor desaparecerem, num segundo. Meu libertador estava chegando, minha salvação entrava pelas frestas e sentia o mal cheiro daquele lugar.Oh, como queria ver seu rosto, sentir sua mão na minha, poder confessar meu medo, derramar minhas lágrimas pelo susto e agradecer, para nunca mais esquecer meu libertador, meu salvador daquele inferno de horas, dias, meses, Não sei.
     Ouvi passos de gente muito tranqüila, mas meus olhos não conseguiam reconhecer seu rosto.Sua voz era firme e sem nenhuma doçura. Não me perguntou se estava bem, mas me detalhou tudo o que acontecera e como chegara até ali. Se importou se tinha fome ou sede, se sentia dores e que a minha vida era muito importante, e que deveria tomar mais cuidado.Chamou empregados que me deram o que comer e o que beber na boca, trocaram meu travesseiro, limparam minhas pernas, senti meu braço direito mais leve por uns instantes e mais pesado novamente. Ninguém falava comigo nem respondia às minhas perguntas, Só ouvia os pessoas, os vultos pelo quarto e nem a janela abriram. Toda essa movimentação me trazia a esperança que sairia dali em breve, muito em breve, para minha casa, para o meu trabalho, para meus amigos. Tinha a sensação de que todas as pessoas naquele quarto estavam ali para me ajudar, para me dar apoio, para me ouvir e curar minhas dores.Mas eles se foram.
     Fechei os olhos e dormi.Profundamente.Não sonhei, não tive fome, nem me levantei para ir ao banheiro.Foi um mergulho no silêncio todo meu, na minha paz, na minha vida, no meu eu,na minha extrema solidão.No breu não sentia dor, não sentia flagelos, nem ofensas, nem gritos, nem cobranças de um mundo melhor.Era paz em meio ao nada, ao escuro, ao vazio.Estranho de viver assim, mas vivia. Felicidade nem tristeza, nem raiva nem emoção alguma.Sem decisões a tomar, sem mundos a conquistar.
     No outro dia não abri os olhos.Senti apenas o quarto cheio de gente, suspiros, choros bem baixinhos, sussurros de piedade ao meu redor.Tentei abrir os olhos, mas desisti. Já estava no fundo do mar novamente.Senti tocarem minhas pernas, senti puxarem minhas cobertas e uma mão muito fria sobre meu peito. Uma voz de comando retirou todos da sala novamente.Confesso que minha curiosidade quase colocou tudo a perder.Quase.



Biografia:
Escrevo desde os 10 anos.
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Poesias O RESGATE - PARTE FINAL Clau
Crônicas Resgate Clau


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