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DISPONIBILIDADE DAS DROGAS VERSUS ADOLESCÊNTES
Encontrando as Drogas
Wagner Paulon

Resumo:
Um dos motivos para os jovens provarem alguma droga é simplesmente o fato de ela encontrar-se disponível.

DISPONIBILIDADE DAS DROGAS VERSUS ADOLESCÊNTES
Dr.Wagner Paulon
2008

Um dos motivos para os jovens provarem alguma droga é simplesmente o fato de ela encontrar-se disponível. Essa nossa sociedade tem-se volvida, em grande parte, uma "cultura da droga": ao oposto do jovem médio de cinqüenta anos atrás, cujas oportunidades de uso de drogas eram limitadas, na maioria dos países, ao álcool e ao fumo, o adolescente de hoje depara com uma infinidade de drogas à sua preferência, tanto as que se comercializam em farmácias como as encontradas apenas nas ruas. Os jovens apresentam o desejo irreprimível de conhecer os segredos sobre seu mundo em expansão e estão muito mais inclinados a correr riscos do que os adultos. Isto possivelmente acontece, ao menos em parte, para demonstrar sua bravura (não ser maricas); e seu juízo de aventura e, em parte, porque eles não confiam, ao menos primeiramente, que alguma coisa calamitosa lhes possa advir. Deste modo, para muitos púberes, a experiência com drogas: pode dar-se por mera curiosidade, pelo anseio de ousar, e em virtude da ocasião. Em determinados casos, o uso de quantidades restritas de certas drogas (um cigarro de maconha de vez em quando ou, como os adultos quem sabe reconheçam, um coquetel social); pode ser recreativo. Mas isso não quer dizer que seja ambicionavel.

As influências do grupo

Também os adolescentes podem provar drogas devido à influência de seu grupo de camaradas (à necessidade de ser aceito por um grupo que já está envolvido com o uso de drogas). Em pesquisas recentes descobriu-se, que um dos melhores indícios para saber se um adolescente se irá envolver com drogas é o uso de tais drogas por parte dos amigos dele, especialmente do seu "melhor amigo". Os próprios adolescentes reconhecem a importância da influência do grupo de camaradas.
Muitos adolescentes podem passar por experiências com drogas a fim de agradar o namorado ou a namorada.

Rebelião contra os pais

Geralmente os adolescentes, alguma vez, precisam afiançar a própria independência com relação aos pais. Contudo a circunstância de sua rebeldia assumir ou não a forma de um sério uso de drogas parece depender, em grande parte, do tipo de relacionamentos que o adolescente teve com os pais. Para o adolescente de pais democráticos, competentes e amorosos (especialmente os que possuem valores relativamente tradicionais), que permitem aos filhos as oportunidades de experimentar as próprias "asas" à medida que vão crescendo, o risco de um envolvimento perigoso com drogas é geralmente menor que o do filho de pais que não oferecem carinho, amor e são irresponsáveis e negligentes, excessivamente indulgentes, hostis e autoritários.

Um jovem comentou, enraivecido, a respeito de seus pais: "Eles estão sempre me dizendo o que fazer, como se eu não tivesse cabeça, quando meu pai está sentado por perto, tomando a quarta dose de alguma bebida alcoólica antes do jantar e me dizendo, como se ele fosse o maior entendido do assunto, e eu um idiota, o quanto a maconha pode me destruir o cérebro (Bem, ele que vá para o inferno!)"

Em outro exemplo, uma adolescente parece estar principalmente tentando encontrar alguma reação (qualquer uma) por parte dos pais, como sinal de que se preocupem com ela: "Uso drogas desde os doze anos. Meus pais acham que estou me revoltando contra alguma coisa, mas não sabem o quê. (São eles). Não que eles sejam restritivos. É que eles não estão realmente ali, e a gente sente que é preciso pular e berrar para eles tomarem conhecimento de nós".

Fuga às pressões da vida

Se faz comum uma outra razão para usar drogas, comumente apresentada pelos próprios jovens, é a necessidade de escapar da tensão e das pressões da vida, ou do aborrecimento. De forma irônica, esta também está entre as fundamentais razões que levam os adultos à utilização de drogas como álcool e barbitúricos. Não obstante, um dos maiores perigos do uso de drogas por parte de jovens é que elas podem vir a substituir neles a capacidade aprender a lidar com os problemas corriqueiros e simples e com as inevitáveis frustrações da vida. O ex-diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos afiançou: “Os padrões de luta com a realidade que se desenvolvem durante o período da adolescência são significativos para determinar o comportamento adulto. O uso persistente de um agente que sirva para escapar à realidade, durante esse período crítico de desenvolvimento, provavelmente comprometerá seriamente a capacidade futura do indivíduo para ajustar-se adequadamente a uma sociedade complexa’’”.

Alienação

O consumo de drogas por parte de um certo numero de adolescentes pode refletir alienação (uma profunda rejeição dos valores de uma sociedade adulta que alguns jovens consideram cada vez mais impessoal, muitas vezes cruel e desinteressada pelo indivíduo). Este era geralmente o caso durante a conturbada década de 60, sobretudo Brasil e nos Estados Unidos. Uma minoria significativa de adolescentes e de outros jovens renunciou às "recompensas" da sociedade organizada voltando-se para o próprio interior, para o mundo das preocupações com o próprio eu e das drogas que agem sobre a mente (sobretudo a maconha e as drogas "psicodélicas" como o LSD, a mescalina e o peiote) a fim de buscar uma renovação do senso de maravilha, de confiança, de beleza e de significação.

Perturbação emocional

Com relação a outros jovens, sobretudo os que usam doses maciças de drogas múltiplas, a dependência às drogas pode refletir perturbações emocionais com graus variáveis de gravidade e uma incapacidade de fazer face às demandas da vida ou de encontrar uma identidade própria que seja significativa. Em alguns casos, precisamos buscar nas perturbações profundas do relacionamento familiar, verificadas no decorrer do desenvolvimento, as razões das dificuldades do adolescente. Entre os púberes em centros de tratamento residencial e casas de tratamento em meio período para alcoólatras ou outros viciados (geralmente uma combinação de ambos), temas comuns relatados tanto pelo corpo clínico como pelos pacientes em recuperação são os sentimentos de indiferença ou (rejeição paterna); falta de aceitação por parte dos companheiros; isolamento emocional; e baixa auto-estima, que eles têm necessidade de esconder sob uma capa de "frieza".

Adolescentes que usam o álcool e outras drogas regularmente desde a pré-adolescência reconhecem que nunca conheceram outra maneira de enfrentar a ansiedade, o tédio, a depressão, o medo do fracasso ou a falta de propósito. Faz-se um importante objetivo de um programa de tratamento; além da finalidade de ajudar o jovem a aprender a lidar com seus problemas pessoais e a estabelecer amizades genuínas; é simplesmente ensiná-los a se divertir sem as drogas!


Biografia:
Psicanalista e Mestre em Psicopatologia pela (Escola Paulista) em SP-BRASIL; Formação Integral e Análise Didática em Psicanálise; Psicólogo Clínico pelo (Saint Meinrad College) em USA; Pedagogo pelo (FEC ABC) em SP-BRASIL; MBA pela (University Abet) em USA; Curso de Especialização em Entorpecentes pela (USP) em SP-BRASIL; Livre Docente em Faculdades e Universidades Brasileiras; Exerce atividades Clinicas e Educacionais há mais de trinta e cinco anos; Membro de varias Sociedades Científicas Internacionais; Membro da “Cruz Vermelha Brasileira - Filial Estado de São Paulo”; Membro da Organização Internacional “Médicos Sem Fronteiras” e Atual Diretor do Centro Psicanalítico de Ubatuba-SP.
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