Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Aprendendo a fazer ninhos
MARCELO MORAES CAETANO

Resumo:
Somos o que nascemos e o que fazemos de nós. Somos ninhos e voos.

"Tu te lembras, Pai Francisco? Este indigno que pega hoje a pena a fim de narrar a tua crônica era humilde e feio mendigo no dia de nosso primeiro encontro." (O pobre de Deus, Nikos Kazantzakis)




Quantas vezes você se olhou como pessoa?
Quem não se viu como pessoa
não verá ninguém como pessoa.

Você pode ser professor
Escritor
Poeta
Pianista
Filósofo
Juiz
Psicólogo
Amigo
Amante
Filho
Pai
Itinerante

E...?
Quantas vezes você se olhou como pessoa?

Você é um balaio genético.
Você é um cesto sociológico.
Você é um tapete antropológico.
Você é uma floresta arqueológica.
Você é um ninho de sentidos.
Você é um pântano cósmico.
Você é uma cascata emocional.
Você é uma foz de intuições.
Você é uma raiz de pássaros.

Quando um lagarto vem beber água em você
as borboletas secam suas tênues asas
de arco-íris e néon
na fina película que reveste o seu espírito
de tom
concretamente onírico
tudo o que é velho
se dissolve em hidrogênio e hélio
e o próprio Lúcifer
ofusca-se ante a fusão nuclear de Júpiter
onde o jardim de Pan
jorra leite e avelã

por mais que você se encurte
como se fosse bainha, gel, iogurte...

quando um soprano lhe disser em segredo
na alta abóbada celeste que nos âmago
lembra e desmembra
que tens o sorriso humano de tua mãe
a pele ética de teu pai
o prestígio nato de teu avô-mãe
que inspiras o temor delicado de tua avó-mãe
que andas com a altivez húngara de tua avó-pai
e o brilho de estrela (anos-luz) de teu avô-pai

que és tudo isso
e no entanto não és nada

importa apenas
onde os lagartos vêm beber água
onde as borboletas vêm secar as asas
onde o arco-íris interrompe Serra Leoa
e a recomeça
uma pessoa perfeita
duas pessoas perfeitas
três pessoas perfeitas
todas as pessoas do mundo perfeitas

como esta pessoa que eu quero ver
começando no meu espelho
usando o seu próprio esqueleto
qual o teu graveto
para o nosso novo ninho futurológico
da nova arqueologia eletrônica
por uma teologia bionuclear
na tecnologia de se beber chá
a sós
ou filosofando com a luz dos tantos bisavós
um projeto de passado lúdico
um despertar no novo sonho
onde os homens se unem
para amenizar as intempéries
e viver amar repartir ensinar aprender fazer festejar

causa em todos a mesma dor o mesmo espinho
sangra igual
seja por bem, seja por mal
o mesmo calor necessário do mesmo ninho
e temos todos o mesmo ponto-final.


Biografia:
Professor de português, inglês, francês, alemão e literaturas. Estudioso de italiano, espanhol, grego, latim, russo e mandarim. Pianista e escritor, prêmios no Brasil e exterior. 14 livros publicados.
Número de vezes que este texto foi lido: 52822


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Poética MARCELO MORAES CAETANO
Poesias Aprendendo a fazer ninhos MARCELO MORAES CAETANO
Poesias Nordeste revisited MARCELO MORAES CAETANO


Publicações de número 1 até 3 de um total de 3.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 69025 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57928 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 57567 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55850 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55133 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 55087 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54968 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54907 Visitas
Coisas - Rogério Freitas 54841 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54838 Visitas

Páginas: Próxima Última