Atravessei um grande portal que me levou para uma grande guerra. Numa cidade sem lei e perdida como um velho mapa. Estonteante me escondi atrás de uma enorme pedra, esquivando-me das flechas que zumbiam ao atravessarem a velocidade, até seguirem em direção aos corpos.
Todos lutavam pelas suas vidas, mas de longe observei que só lutavam pelo domínio próprio e por um rei ausente.
Numa pequena trégua alcancei uma espada de um cavaleiro que agonizava e dizia:
-Pegue meu cavalo, só ele sabe o caminho. Seu cavalo foi valente, esteve ao seu lado e não o abandonou.
Montei e cavalguei. Entrei sem medo naquela batalha terrível, confiei em minha espada e naquele cavalo valente. Quando feri o primeiro inimigo, descobri... A força estava em minha consciência e o cavalo dourado seguia aquele dote. Comecei então uma batalha consciente e gritei:
-Onde está o rei? Por acaso não lutam com vocês? Ele é o poder, mas quem domina a honra no final de toda essa guerra? E porque lutam?
Distante dali vinha um homem carregando uma bandeira branca estiada sobre os olhos inimigos. A guerra cessou.
O cavalo dourado me levou, caminhei durante algumas horas. Cheguei afinal num grande palácio. O rei estava a espera e foi logo dizendo:
-Eu soube que Malaquias morreu e a guerra cessou, não podia eu fazê-lo entender, para isso teria que matá-lo. Ele como homem não conseguiu alcançar meus planos, então domei o valente cavalo dourado. Seria rápido para esquivar-se das flechas, mas prudente ao atacar o inimigo. Sua missão terminou!
Voltei por aquele portal deixando uma cidade em paz, perdida talvez, mas conscientes que travar guerras simplesmente é aceitar a derrota de seu próximo para se manter herói.
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