Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem. Mário Quintana. Caderno H, Porto Alegre, Editora Globo, 1973, p.5
O mundo do conhecimento exige de todos a capacidade de ler e de interpretar textos em múltiplas linguagens. De entender o texto/leitura como objeto semiótico, principio e final de todo trabalho.
A leitura e o domínio da linguagem hoje são considerados instrumentos fundamentais de apropriação de conhecimentos e projetos de vida. Aspectos imprescindíveis para atuar na sociedade e condições básicas para o exercício pleno da cidadania e da construção da felicidade.
Esse deve ser o desafio maior de qualquer escola e de seu corpo docente. Investir, instigar e promover políticas de leitura, formar e dar condições para construir alunos-leitores.
É na linguagem verbal que toda a História da humanidade foi registrada, portanto essa deve ser a prioridade de todas as áreas: o trabalho constante com a língua materna.
Qualquer pesquisa, construção de conhecimento, desenvolvimento tecnológico exige um leitor competente, isto é, o leitor que, diante do texto escrito decodifique a mensagem, amplie seu significado e saiba estabelecer relações entre texto e leitor, entre textos, entre o “eu” e o mundo.
Isso é ler! É compromisso de todas as áreas – todos os educadores envolvidos na construção do saber. Por isso é desafio de todos que freqüentam a escola.
O problema está em como se conduz o trabalho com a leitura na sala de aula. Ela tem sido vítima de casuísmos gerados em torno do conceito de leitura. A distorção do que é “leitura de mundo” tem criado práticas do tipo: “Qual é a mensagem que o texto passa?”, “O que você entendeu do texto?”, “Que parte do texto você mais gostou?” ou a comparações infundadas.
Portanto, é preciso a necessidade de ler! Necessidade de todos: professores, alunos, diretores, todos envolvidos com a educação. O trabalho com a leitura, como qualquer outra ação pedagógica, exige definição de objetivos com maior clareza do que até então se tem feito, bem como critérios de avaliação igualmente mais claros em relação a competências de leitura.
Ainda não se percebeu, no trabalho com a leitura, a postura de insuficiência desses procedimentos e significativas ações e apropriações de mecanismos de linguagem. Igualmente não se favoreceu um exercício que estimulasse a compreensão das relações internas que o texto estabelece em sua tessitura. Sem falar da falta de capacitações, falta de investimentos em bibliotecas ou políticas de leitura sérias.
Por isso vamos ficando perdidos e sem saber o que fazer com alunos matriculados nas 7ª e 8ª séries do ensino fundamental sem conseguirem interpretar metáforas essenciais de um texto básico. Ou não conseguem interpretar metáforas essenciais da vida?
Mas, dentre muitos gêneros textuais, no trabalho pedagógico, a literatura deve ocupar espaço fundamental. É na literatura, como linguagem e como projeto de identidade, que se confiam os mundos imaginários, as várias sensibilidades, valores e comportamentos que expressam e registram simbolicamente a sociedade e o homem, seus encontros e confrontos, seus sonhos, suas utopias.
Assim, a leitura/literatura deve ser prioridade de todas as áreas do conhecimento, na formação do cidadão, para exercer uma real cidadania, apossando-se da linguagem, alfabetizando-se nela, interpretando os vários signos que o mundo apresenta, sendo um usuário competente.
Mesmo que não seja um escritor, ou poeta, mas porque precisa ler mundos, ler-se e ser, essencialmente, feliz.
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