Quando o deserto se apresenta diante de nós, há somente duas alternativas: fugir a fim de refugiar-se na tristeza de não ter tido coragem, ou enfrentá-lo para colher os frutos doces do desconhecido.
A travessia do deserto reveste-se de solidão; não uma solidão solitária, mas partilhada passo a passo pelo Amor. E aí, descobre-se que nunca se está sozinho.
É a travessia da busca. A busca concreta do maior dos anseios do coração humano. Então, encontra-se a verdade na areia escaldante e no vento que corta a pele do rosto e das mãos.
Uma travessia embebida de silêncio e contemplação, onde se escuta o respiro da alma e os passos da vida que passa sem pressa – caminhante do tempo – na direção do infinito. E aí, tem-se a certeza do incerto.
Por fim, essa travessia nos conduz à Fonte; e jamais poderemos encontrá-la e nos deixarmos possuir por ela, senão pelos caminhos da dor e do sofrimento - pedagogia incompreensível do Amor Verdadeiro.
Quando a Realidade Maior se deixar sentir através da alegria e da paz contidas no coração, à noite se poderá beber da luz das estrelas e saciar a sede da alma no orvalho das madrugadas. E haveremos de dizer com o Pequeno Príncipe: “O deserto é belo porque esconde um poço em algum lugar”.
|