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DONA ELIÉTE E OS ANIMAIS
Britinho

- Gosto mais de animal do que de gente! - Assim dizia Dona Eliéte muito enojada da vida e do Ser Humano.
        Era uma senhora, já com certa idade em que havia passado por várias situações em sua vida e largado tudo para se dedicar com afinco aos animais. Inclusive, largado também ao corpo docente, onde ficara anos a lecionar. Aceitava todo e qualquer tipo de bicho, mesmo estando saudável ou doente. Podiam estar machucados ou atropelados e mesmo, estando entre a vida e a morte ela corria para levá-los aos veterinários, que muito a ajudavam. Ela os chamavam de Almas Caridosas!
        Seu amor e carinho pelos animais eram tamanhos, assim como, a revolta que tinha com pessoas sem escrúpulos e que maltratam os animais. Então, quase todos que iam a sua casa, escutavam aquela frase a cima.
        Claro, que antes de aceitar um animal saudável, ela fazia um "questionário", um monte de perguntas para seus donos. E muitas das vezes a vi dando tremenda bronca em quem simplesmente “queria se desfazer do animal”.
      - Vocês querem ter o animal só por ter! Não é mesmo? Isso aqui que vocês estão me trazendo, não é um brinquedinho, não, que quando fica velho ou quebrado pode ser jogado fora. O animal também tem sentimentos, onde, seu amor maior é sempre seu dono! Pode ser rico ou pobre que ele estará sempre ao seu lado. Coisa que vocês não estão fazendo nesse momento.
        Ela tinha um estremo mau humor em relação a pessoas. Acho que para ela, todos desconhecidos eram iguais. Mas com os bichos não, era diferente! Eles o tiravam tudo que fosse possível, assim como o grande amor que ela os tinha. Ou tudo que ela pudesse lhes dar. O seu salário da pensão não era muito. Muita das vezes, todos passavam necessidade onde a maior prejudicada era ela mesma! Estavam sempre precisando de ajuda.
        Havia algumas empresas ou pessoas, perto de sua casa que lhes ajudavam com jornal velho para forrar o chão, restos de comida, remédios e às vezes dinheiro. E que muita das vezes, também não era o suficiente tamanho quantidade de animais.
       Não comprava mais nada para seu uso pessoal. Andava com roupas rasgadas, não usava mais perfume, nem ia ao salão e muita das vezes, eu via piolho descendo em sua testa, ou até mesmo, carrapato em seu vestido e feridas em sua pele.
       Parecia estar se igualando a eles, na: aparência, no olhar, e na pureza de um animal. E também, na aversão a pessoas desconhecidas e ingratas!.
      Confiava em poucas pessoas. Que às vezes, quando, chegavam trazendo ajuda, ou alguma palavra de amizade e carinho, Dona Eliéte fazia aquela festa e seus olhos enchiam-se de lágrimas!
       Muitos domingos a vi na feira, “na hora da chepa”, catando restos de comidas e pedindo ajuda aos feirantes.
       Pessoas que a viam na rua a chamavam de Louca ou Mendiga! Sem saber a imensidão daquele coração, daquela dedicação, daquele amor e o quanto foi importante seu trabalho em relação aos animais.
      Aquela mulher foi única, nunca vi e nem conheci ninguém igual...
      Até que me casei e mudei-me. Fui morar longe, perdi o contato.
      Mas tarde, fiquei sabendo que construíram um prédio ao lado de sua casa e que os moradores reclamavam muito do barulho e do cheiro dos animais. Entraram na justiça contra ela, pedindo o afastamento dos animais daquele local.
     Também soube que ela morrera. Não fiquei sabendo o motivo, “deve ter sido de desgosto” é claro! Porque, além de ter abdicado sua vida como um Ser Humano normal e ter vivido como um animal! Era feliz no que fazia e ao lado deles.
     Algo de bom deixou em mim, porque, sei que aprendi muito com aquela Alma Caridosa. E quando passo em frente a sua casa, sinto uma nostalgia, e uma tristeza muito grande!
- Afinal onde foram parar aqueles animais?
     Porque ela eu sei. Onde quer que esteja, está muito melhor que nós...
    
    



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