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A IMPORTÂNCIA DA CONTRIBUIÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS ESCOLARES
Francine Rocha Stobodzian

Na tentativa de atingir os objetivos estabelecidos pelo currículo escolar, muitos professores que atuam como protagonistas do saber, ainda trabalham de maneira tradicional, devido às burocracias impostas. Muitas crianças poderiam estar sendo beneficiadas com as aprendizagens que acontecem em meio a uma roda de conversa, onde os alunos expondo suas ideias e opiniões, demonstrando o que sabem externando seus sentimentos e experiências de maneira livre e oportuna naquele momento de interação. O espaço escolar propicia esses momentos, no entanto o professor deve dar continuidade aos conteúdos curriculares, e de certo modo é necessário que se faça um diálogo curto e menos rico.
Esse momento de troca e construção do saber, juntamente com os professores e os colegas, é necessário para o desenvolvimento da criança. Essa construção torna-se significativa e permanente para ambos. Os professores devem saber como controlar o ensino através do diálogo. GONZALEZ, (2020, pg. 21) cita Oliveira, (1997), ele escreve que na educação tradicional o papel que o professor exerce em sala de aula tem como padrão, controlar as falas dos alunos, inibindo uma maior expressividade do educando quando questionado sobre algo. “é um padrão característico da interação verbal e da educação tradicional, constituindo uma estratégia discursiva que não abre espaço de negociação e construção conjunta de sentidos entre professores e alunos”.
De acordo com Valsiner (1989, 2007,2012), apud Gonzaléz 2020, pg.12). “Todos os participantes nos processos de ensino e aprendizagem, tem a possibilidade de construir novidades a partir de seus papéis sociais, de suas experiências pessoais e seus conhecimentos prévios”. A valorização dos conhecimentos prévios dos alunos auxilia na construção de propostas pedagógicas que beneficiam o coletivo dentro da sala de aula. O respeito ás vivências dos alunos é fator determinante para o bom andamento dos processos de ensino e aprendizagem. A construção de valores e a troca obtida no espaço escolar fruto das interações sociais entre eles, não está descrita com especificações no currículo.
Abordar um tema e esmiuçá-lo com seus alunos, que porventura emergiu de um pequeno diálogo entre eles e que poderia ser de certa maneira exposto aos demais sem causar prejuízos burocráticos ou desdobramentos psicológicos pessoais negativos, pode não ser aceito como conteúdo regular devido ás formalidades do sistema curricular. Situações essas que fazem parte do currículo oculto e do processo de socialização dos indivíduos. A responsabilidade quanto á questão curricular, não é somente dos professores se faz necessário a colaboração de mais pessoas para sua conclusão e concretização.
BRASIL (2013, pg. 27), apresenta que os espaços escolares:
“pressupõe profissionais da educação dispostos a reinventar e construir essa escola, numa responsabilidade compartilhada com as demais autoridades encarregadas da gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade. Assumir compromissos com as questões voltadas para a equidade, inclusão e integração de sujeitos, exige do professor muito mais que pressupor profissionais dispostos”.
Pressupõe-se que “desenvolver já na formação inicial uma capacidade de decifrar o conhecimento que permeiam os currículos, sejam eles da sua própria formação ou da sua atuação como professores é um passo primordial” (ARAUJO, 2019, pg. 12).
O protagonismo do professor e do aluno ocorre de maneira conjunta durante todo o processo de ensino e aprendizagem, sempre em sintonia a teoria com a prática. O currículo legitima as experiências vivenciadas no âmbito escolar, é na escola que se aprende a trabalhar a autonomia das crianças desde quando ainda bebês, por meio da escuta, observando-as, ampliando suas possibilidades de aprender. Deixando definitivamente qualquer traço de uma pedagogia tradicional no passado, fazer o oculto acontecer e firmar a importância de escutar a voz da sala de aula, onde uma vivência justa faça emergir esses protagonistas da nossa sociedade.
BRASIL (2019, pg. 24), afirma sobre a importância da interação e a troca de experiências:
A escola pública tem como objetivo principal oferecer às novas gerações oportunidades para encontrar pessoas e conhecimentos que lhes possibilitem experiências, que provoquem e gerem acontecimentos, intercâmbios, conseguindo constituir modos de ser e de participar da vida social. Ao interagir nas brincadeiras, explorações e investigações, os bebês e crianças vivenciam experiências e aprendem as estratégias de convivência que foram constituídas historicamente nas diferentes culturas, interagindo com os distintos saberes e os conhecimentos.
De acordo com o BRASIL (2019), “dar prosseguimento às formações que consolidam a escuta, o protagonismo e a autoria infantil”, um ensino educacional de qualidade, pautado na educação democrática, deve atender os alunos de maneira integral quanto sua formação escolar. Apropriar-se de seus desafios e das descobertas de suas interações com seus pares.
O documento BRASIL (2019, Currículo da cidade de São Paulo), tem como base de seu texto a Base Nacional Comum Curricular BNCC. “Trata-se, portanto, de um documento que se atualiza todos os dias nos diferentes territórios da cidade. É parte de um processo que passará por transformações e qualificações a partir das contribuições vindas da prática” BRASIL (2019). As redes de ensino das escolas municipais de São Paulo trabalham com este documento, desde sua data de circulação em 2019 orientados pelas suas diretrizes no cotidiano das escolas municipais de São Paulo. Uma visão de um currículo oculto que possa vir a ser explicitado através de suas diretrizes. O aluno como um protagonista do processo educativo, apropriando-se do seu espaço escolar, desenvolvendo suas habilidades e competências continuamente,
O material disponibilizado pela prefeitura de São Paulo para os professores da Educação Infantil, Currículo da Cidade, possui em seu texto, vários relatos de experiências vividas em sala de aula, reportadas pelos professores da educação infantil, afirmando que o mesmo vem funcionando positivamente como norteador das aprendizagens dos educandos. Trazer a criança para o foco central do ensino, nos mostra a que a teoria do Currículo Oculto pode ser percebida com explícita, nesse momento, nas vozes das crianças que tem seu papel evidenciado como personagem principal da intencionalidade escolar. “Desse ponto de vista, bebês e crianças em atividade são o foco central do trabalho pedagógico, tendo a narrativa como fio articulador da vida em grupo” (BRASIL, 2019, p. 142).
Ao olharmos para além das experiências positivas das escolas do município de São Paulo, como certificar-se que os demais municípios do Estado de São Paulo estariam introduzindo as práticas de escuta e o compromisso dos princípios de uma pedagogia democrática com todos os seus alunos, tornando suas necessidades educacionais explícitas, como parte de suas rotinas do dia a dia escolar. Cada território possui sua singularidade e suas questões regionais, que são discutidas para a formação de um currículo de uma determinada unidade escolar, no entanto ele se faz presente devido ao trabalho conjunto de vários envolvidos no processo de sua construção. “Um currículo que considere todas as proposições apresentadas ao longo deste documento, que dialogue com as proposições apresentadas na BNCC, (BRASIL, 2017) e com outros documentos municipais, nacionais e internacionais, possibilitando que as UEs adquiram um repertório variado, é um belo caminho para uma educação equitativa e para a humanização de todos” (BRASIL, 2019, p. 216).


Biografia:
Graduada em Pedagogia com Licenciatura Plena pela Universidade Adventista de São Paulo, Professora de Desenvolvimento Infantil pela Prefeitura do Município de Itapecerica da Serra.
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