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O ensino brasileiro na educação básica
O fracasso do ensino em garantir as habilidades necessárias para as práticas sociais.
Marciana Caciano Damasceno

Resumo:
Muitos alunos que passam pela educação básica não conseguem habilidades necessárias para as práticas cotidiana. Essas práticas são importantes para o letramento social. Um problema na defasagem de ensino que vem mostrando nos resultados das provas que avaliam a qualidade da educação do país.

O que seria da população sem o processo da leitura e escrita no seu cotidiano? Uma pergunta com diversas indagações, mas é preciso compreender que o processo da interação social requer muito das práticas da leitura e escrita, ou seja, do letramento. Essas respectivas são fundamentais para o desenvolvimento social.

        A alfabetização é uma habilidade de codificar e decodificar a linguagem oral com seu grafema, um conjunto de compreensão entre o som e a letra que propicia para o aluno a convivência com a escrita utilizando a leitura que aos poucos o estudante vai descobrindo a associação das letras, sílabas, frases e pequenos textos.

        Estar alfabetizado são históricas e variam ao longo do tempo, nas seis últimas décadas, mudamos radicalmente nossas concepções sobre esse tema. Se nos anos de 1950, em nosso país, ainda tomávamos por alfabetizado quem sabia assinar o nome, hoje cobramos compreensão e produção de pequenos textos. (MORAIS, 2012, p.14).

        Diante desta citação é possível compreender que o processo de alfabetização teve um movimento separado do letramento, ou seja, aconteceram em momentos diferentes e seu desenvolvimento muito lento no Brasil, pois as práticas sociais do uso da leitura e escrita exigiam muito mais de um leitor com habilidade no letramento e não só uma compreensão do som identificando as letras e produção de pequenos textos, isto é, um bilhete.

        De acordo com Magda Soares (2004, n. 25) o Brasil teve um movimento contrário do que ocorria nos países de primeiro mundo, isto é, quando lá trabalhavam os domínios das habilidades de leitura e escrita no cotidiano, em nosso país focava-se na alfabetização.

        Kleiman (1995, p. 19) define o letramento como “um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistemas simbólicos e enquanto tecnologia, em contextos específicos.

        Vale destacar que em termo de letramento a população ficou vulnerável nas suas habilidades, com o processo fragmentando, o país demorou para compreender o que de fato era importante para o conhecimento sobre as práticas sociais, embora, valorizar a alfabetização não garante que o aluno tenha habilidade de leitura e escrita para desenvolver nas competências cotidianas.

Segundo Franchi (2012, p.21)

        Alfabetizar letrando não se constitui em um processo mecânico que corresponde a dois sistemas de representação, pois precisa levar em consideração que a linguagem se concebe em seu caráter social e constitutivo dos sistemas de representação das relações sociais, a qual a criança tem a experiência consigo mesma e com os outros.

        O contexto do letramento parte de um mundo de diversões, envolvendo diversos gêneros, e não fixando em um treinamento da escrita e da gramática, é ir além de um conjunto social que o meio oferece, pois a criança aprende a ler convivendo com a escrita, que aos poucos vai descobrindo a associação da alfabetização e do letramento.

        Espraia-se ao longo de todo ensino fundamental que ser alfabetizado não significa ser letrado, pois o letramento se dá ao discente que aprendeu a ler e escrever, isto é, para que o aluno seja alfabetizado e letrado ele precisa adquirir esses dois conceitos que caminham paralelamente juntos dependendo um do outro.

     Sendo assim, a história da educação no Brasil foi muito falha diante do ensino, de geração em geração, esses déficits foram carregando e atingindo várias décadas e mostrando a desigualdade do ensino, que de fato, foi procrastinando e alcançando milhares de alunos.

     Diante de muitos fracassos os estudos, sobre o letramento, se aprofundaram nas indagações, mas o que de fato era o letramento?, por que seus efeitos nos grupos minoritários eram muitos maiores? Estes estudos concluíram que a escrita era como um tecnologia de comunicação, que estavam em vários processos ( KLEIMAN, 1995)

     É possível compreender que os processos do letramento eram compostos por um universo que englobava em várias direções em seu uso no cotidiano, isto é, letramento social, letramento digital, tecnologia digital e etc.

     Hoje, nas pesquisas feitas pelas plataformas do governo, o índice de alunos formados na educação básica, principalmente nas escolas públicas, têm dificuldades de compreensão de texto e leitura. (BRASIL,INEP, 2022)

     Os reflexos de um ensino desfavorável podem refletir em várias gerações e algumas habilidades mínimas nas etapas da educação básica mostram as defasagens que o ensino vem enfrentando.

     Os resultados da prova Brasil que avalia a cada dois anos o desempenho dos alunos do 5º e do 9º ano nas disciplinas de português e matemática também apresentam situações preocupantes, sem contar que fica nítida a desigualdade de ensino que vem sendo aplicada nos Estados do Brasil. Alguns estados não chegam nem a 20% dos estados que pelo menos tiveram metade de seus alunos apresentando o mínimo de habilidades contempladas nas metas esperadas. (BRASIL, INEP, 2021)

     Mas o que pode está acontecendo com o ensino no país? Vale ressaltar que a Constituição Federal de 88 destaca que o ensino deve ser oferecido em termo de igualdade (BRASIL, 1988), mas o que se aparenta é uma estagnação dos estados que não conseguem igualar seus ensinamentos com os estados que são melhores no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica ( IDEB).

            Se a prova Brasil avalia as escolas do país com um método padronizado o que pode está acontecendo que os estados não trabalham com a mesma metodologia de conhecimento? São indagações que precisam ser avaliadas e repensadas em termo de igualdade de ensino.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF:Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acessado em 23 julho de 2024.

BRASIL, INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDO E PESQUISA EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA / INEP Disponível em Enem — Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira | Inep (www.gov.br) acessado em 16 de junho de 2024.

BRASIL, Relatório do resultado do SAEB - 2021- Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/2021/resultados/relatorio_de_resultados_do_saeb_2021_volume_1.pdf. Acessado em 17 de junho de 2024.

FRANCHI, Eglê. Pedagogia do alfabetizar letrando: da oralidade à escrita 9. Ed. – São Paulo: Cortez, 2012.

KLEIMAN, Angela. Os significados do letramento: uma perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de letras, 1995.

MORAIS, Arthur Gomes de. Sistema de escrita alfabética. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2012.

SOARES Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação [online]. 2004, n. 25 [Acessado 13 Julho 2024], pp. 5-17. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-24782004000100002>. Epub 09 Out 2006. ISSN 1809-449X. https://doi.org/10.1590/S1413-24782004000100002.


Biografia:
Meu nome é Marciana Caciano Damasceno, Diretor de escola, graduada em pedagogia e psicologia, pós graduada em psicopedagogia.
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Outros títulos do mesmo autor

Discursos O ensino brasileiro na educação básica Marciana Caciano Damasceno


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