Não sei como chamar te, o tempo mudou tanta coisa, éramos inseparáveis, éramos amigos, éramos felizes, até que você escolheu o exército.
Os primeiros dias foram turtuosos, os meses massacrantes, foi tão doloroso perceber, o que te levou para o exército.
Quando nos abraçamos foi tudo tão rápido, tão doce e desesperador para mim. Você me tinha, o que te levou para tão longe??
Diga me, o que te levou para o exército??
Não fui boa o suficiente?? Os muros que nós separam são tão altos, que nem o que sinto foi capaz de aguentar o efeito do salto. Chorei, gritei, sofri e te deixei ir. "Minha vida seguiu", só que precisava saber para de facto seguir. O que te levou para o exército.
Por anos me culpei, pelo meu fracasso como mulher, por não ter tirado da sua cabeça o sonho de deixar que muros altos nos separacem.
Até que você voltou, todos os sentimentos voltaram com tudo, as dúvidas, os medos e a pergunta que me acompanhou durante anos foi respondida. Você foi para o exército porque a mãe pátria um dia precisaria de ti, e só me protegeria com ajuda da farda. Em pratos respodi, você já o fazia sem precisar dela. Com a tua habitual calma você respondeu: Com a farda, posso proteger a ti, a minha família e o resto do país. Precisava ir para tão longe???
Ninguém conquista nada sentada à sombra e água fresca. Só valorizamos aquilo que lutamos para conseguir.
E eu faço parte das suas vitórias??
No teu custumeiro jeito você me abraçou, sem se importar com a possibilidade de eu ter seguido em frente: saber que poderia te abraçar um dia, me fez lutar cada vez mais contra os meus medos. Por isso fui para o exército, para servir a pátria, e realizar teu sonho de ter um homem de farda. A minha gargalhada foi tão alta, quando lembrei do meu desejo de criança. De me casar com o herói de farda.
SuzanaZandamela
|