A montanha estende a mão e escreve no céu:
dai-me um grão a mais de poesia
aqueles que em mim andam
todos os dias
querem alcançar a união entre ver e tocar
querem por os pés onde só a alma pode alcançar...

O mar mira o alto azul e exclama com o coração:
és bonito e alto e sei que detrás de tua mansão
vivem os peixes que um dia nadaram em mim
poemas escamados que se foram no anzol sem fim...

A árvore mira o homem deitado à sua sombra:
o que vejo é um verso tecido com mãos sonhos e dedos
de um criador que sonhara risos e florestas
e eis aqui aos meus pés a ressonar o maior de seus segredos
a semelhança entre o finito e o infinito
entre a voz e o grito
a coragem e o medo...

O homem mira a si mesmo no espelho da natureza:
o que vejo senão a extensão de todos os meus pensamentos
o caule do meu espírito a se alimentar por dentro
da seiva que corre entre o ouro e a grama
a beber o fogo fátuo em que se transformará
quando o fogo de toda carne acender a última chama?

Adeus planeta
adeus Terra
te encontrarei nas múltiplas formas
que há em toda esfera...

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