Estava caminhando na praia quando me deparo com uma mulher em prantos sentada à beira-mar. Ao aproximar-me, pergunto:
- Olá. O que houve?
Ela respondeu:
- Me deixe em paz! Não vê que quero ficar sozinha...
- Tem certeza? Perguntei-lhe.
- Sim, quer dizer... Não! Vá embora! Ela respondeu rispidamente.
Ficamos lá, parados, imóveis, olhando para o mar, observando as ondas quebrarem; a praia estava vazia, ninguém saíra de casa naquele dia frio, era um ótimo dia para ficar sozinho.
Resolvi quebrar o silêncio:
- O que a trouxe aqui?
Ela ficou calada.
Eu continuei:
- Eu vim pra cá porque estou me sentindo muito só... Parece que não tenho amigos, não tenho ninguém que se importe comigo.
Ela resmungou, com ar de desprezo, algo parecido com um Hum...
Prossegui com meu desabafo. Falei de como me sentia, das minhas amarguras, dos meus medos, do quanto me sentia só, das vezes em que nada fazia sentido, dos passeios noturnos que fiz sozinho, das ligações que nunca recebia de meus amigos, da minha família que morava em outra cidade.
Nesse momento, uma brisa leve e fria passeou por toda a praia, um frio que amedrontava e confortava ao mesmo tempo, um turbilhão de sentimentos. A areia parecia dançar em movimentos sincronizados. Notei que quando a brisa passou, ela esboçou um início de sorriso, mas que logo se fechou ao ver que eu estava olhando.
Mais um momento de silêncio.
Começou a chover forte...
Gritei com ela:
- Vamos embora, começou a chover!
Ela não respondeu nada, apenas saiu correndo em direção ao mar.
Berrei novamente:
- Não faça isso! É muito perigoso!
Ela respondeu:
- Eu preciso ir. Não posso permanecer aqui, meu destino é ficar sozinha.
- Mas, você não me disse seu nome...
Ela me olhou e respondeu:
- Solidão.
Logo em seguida mergulhou no mar e desapareceu.
Eu ainda perplexo com o que havia acontecido, consegui dizer:
- Obrigado.
Fiquei um tempo na chuva, observando, esperando que ela voltasse. Ela não voltou, dei dois passos para trás, fui embora.
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