E da janela do meu quarto eu via o dia desaparecer, deixando a noite subir do horizonte para o céu, lá em cima. As nuvens ardiam em fogo vivo, enquanto o sol se punha atrás dos edifícios. Engraçado como o crepúsculo é triste e a aurora matutina carrega tanta expectativa, como se quem a visse renovasse as energias pra continuar outra luta milenar.
O crepúsculo acalma-me, me anestesia para uma morte lenta. Quando a noite chega, as pessoas mudam, se tornam fantasmas que eu tenho que conviver dia após dia. E me culpam por não agüentar, por desistir às vezes, por parecer mais fraco do que realmente sou. Se eu pudesse largar todos, marcar um encontro comigo mesmo, só pra conversar, mesmo que seja por alguns minutinhos, só pra eu me conhecer mais. Eu convivo há quase dezoito anos comigo e pouco aprendi sobre meus limites.
E o sol toca na beirada da Terra. E dos meus poros fluem meus sentidos, minhas ansiedades, meu medo. E enquanto meus amores caminham em direção a minha estrela favorita, eu me despeço triste, pois jamais saberei se vou encontrá-los outra vez. Cantando e caminhando em direção ao sol. Minha alma pesa dentro de mim, logo ele vai querer seguir a claridade, mais uma que me abandonará.
Os últimos raios solares. Meu corpo cansado. A respiração tranqüila de quem não tem mais o que temer. E o coração sossegado. O dia termina em um segundo quando o céu escurece e traz consigo a solidão. E a nostalgia invade meu corpo. Ah! Sentimento impiedoso, rude e injusto. Saudade de velhos tempos que não voltam mais.
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