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Recife
Leonardo de Souza Dutra

Recife

          Quando te permites surgir pelas margens
          Outros encantos se despontam,
          Não é apenas de concreto esse teu magro coração
          Já esquecido por aqueles
          Que ontem tu vias passar.
          És também um passo dobrado de um frevo rasgado
          Que fere tão profundamente
          Deixando demente as almas que em tuas pontes dependuradas
          Vão se mostrando como bandeirolas.
          Outros encantos se despontam,
          Não em flor Narciso se transformaria
          Se houvera um dia o sabor de mirar-se em tuas margens
          E ver tuas paisagens
          Que o encanto nos satisfaz,
          Mas em recifense por certo se transformaria
          E a mitologia teria que ser reformulada.
          Outros encantos acontecem,
          Não são apenas teus meninos nus
          Comidos pelos vermes,
          Não são apenas tuas ruas apinhadas de camelôs,
          Teu ar quase intragável,
          Posso ver tuas ruas poéticas
          Teu lado mulher,Veneza,
          Quando olhas timidamente.
          E hoje por aquela ponte estavas assim tão radiante
          Que mesmo havendo tantos amantes
          Me rendi ao teu encanto.
          Minha Cidade, Recife.



Leonardo Dutra
Recife, 1996


Biografia:
Sou poeta, escritor, professor da Faculdade Escritor Osman da Costa Lins - FACOL, Servidor Público Federal da FIOCRUZ, Bacharel em Ciências Jurídicas, Auditor, Especialista em Gestão Pública Municipal - UFRPE. Amante da vida nascido da constelação zodiacal de aquários, natural da terra do frevo e do maracatú, Recife - Pernambuco. Mas quem sou eu? Sou os livros que li, Sou os momentos que vivi, Sou a infância vivida, e a vida repartida entre o desejo de ser e permanecer, Sou os amigos conquistados e os beijos roubados de sonhos que já sonhou, Sou a lágrima chorada, sou a tapa da cara que o outro lado virou, Sou da pedra que apedreja a morte que não enseja a dura sombra da dor. Sou o teu riso que belo afaga a face Da tua cara, quando da mão que acalenta amor. Sou o amor que dei, e os amores que não sei, As viagens que em grandes rios naveguei. Sou assim a vida que vaga. Na busca de tua vida para poder viver no mais o teu amor. Sou eu... Leonardo Dutra
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