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  Texto selecionado
Cocada da Vez
José Ernesto Kappel

Um dia, eu tive tudo o que queria:
tinha dois brinquedos,
uma harpa,
uma caixa de gude - 
o que mais preferia!


Tinha uma ama que só
de namorar o padeiro,
comia pão o dia inteiro,
tinha um instrutor de vida
que só me ensinava
o que ela não sabia.


Tinha também um bando
de mocinhos de chumbo,
um anel de avô
e um cordão da tia-avó.


Tinha tudo o que queria.


E eu pensei, então, com o 
passar dos anos,
que bastava ter tudo que
você tinha o mundo.


Fracasso errado,
igual quando a bola bate na trave!


No mundo a gente tem o que
não quer
e não tem tudo aquilo
que quer.


É uma bola furada
de dois lados:
no furada fico eu,
do outro toda gente
do mundo.


Um mundo persa sem tendas!


E, assim, temeroso,
feito alma perdida,
e honrando o oneroso,
que rondam nossas vidas,
aprendi que o mais importante
era ter um pouquinho de cada
coisa e não
ter quase tudo desse pouquinho!


E assim, já humilde,
e sem meus brinquedos de
papelaria,
saio agora pelas avenidas,
onde lá vivem os que tem ,
e vendo minhas cocadas
e algodão-doce.



Pois
de tudo perdi.
até  a sensação

de paranoia.

Sou ambulante da dor

criador de sonhos da infância.


Será que comprei

a morte

 e não sei?

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