Numa fazenda distante,
Cercados pelos fazendeiros,
Viviam os cordeiros.
Um dia, um filhote,
Que era muito inteligente,
Chamou a sua mamãe
E disse a ela de modo contundente:
- Acho que precisamos comer
Do capim do pasto dos bois,
Já que todo mundo pode ver
O quanto eles são mais fortes
Do que qualquer um de nós.
Mas, a mamãe o orientou:
- Cada família tem o seu pasto,
O que há de errado com o nosso capim?
Um é mais fraco, outro é mais forte,
A Natureza é assim!
O cordeiro escutou,
Mas, foi e quando voltou
Para a sua mamãe disse, enfim:
- O capim de lá é bom!
Mas você está com a razão.
Eu estava enganado!
Nada tem de errado
Com o nosso capim!
Mas, mamãe, agora eu quero ir
Beber água do riacho,
Pois acho e é bem provável
Que ela seja mais saudável
Do que a água que bebemos aqui!
Nós caminhamos tão devagar,
Enquanto os outros animais
Correm rápido e sem cansar...
Acho que o fazendeiro traz
E põe em nossa água algum produto
Para nos manter calmos neste reduto.
Mas, meu filho, disse a mamãe,
Que ideia é esta? É perigoso demais
Caminhar pela floresta...
Pode até ser perigoso, disse ele,
Mas eu não sou medroso!
E, ao amanhecer, sem ninguém perceber,
Ao riacho ele se encaminhou...
O lobo viu, se aproximou e exclamou:
- Ninguém convidou você para vir aqui!
Você está bem longe de sua casa,
Pare de beber e de turvar a minha água!
No ano passado, eu já percebi
A bagunça que você fez por aqui!
- Mas, seu lobo, no ano passado
Eu nem havia nascido!
Como posso ter turvado
A água deste riacho,
Sem sequer tê-la bebido?
- Não adianta se fazer de coitado,
Nem queira me fazer de bobo...
Disse, raivoso, o lobo.
Vá beber a água onde você mora,
Antes que eu venha a expulsá-lo.
Sem olhar pra trás, vá embora!
Seus argumentos não me convencem,
Até os viajantes portam alcantis,
Para não beber, jamais,
Da água que não lhes pertence...
Se não trouxe alcantil,
O problema é seu!
Não quero ouvir nem mais um pio,
Cai fora! E pare de usar o que é meu!
Então, antes que o lobo feroz
O atacasse, ele foi embora
E não se ouviu o som de sua voz.
E, ao ver a sua mamãe, disse a chorar:
- Agora, eu aprendi a lição
Que conselhos de mãe
Ninguém deve desprezar!
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