Para entrar é um sufoco.
Está sempre lotado.
O pessoal estressado
Quase que fica louco.
Ao passo que vai rodando,
Quando passa em lombada,
A galera ensardinhada
Devagar, vai se arrumando.
O motorista, João Dirceu,
Está de cara fechada
Porque na noite passada
O time dele perdeu.
O cobrador faz careta ...
Um homem avantajado
Quase que fica entalado
Ao passar pela roleta.
Uma gravação, então, é tocada.
Um anúncio importante:
“Cuidado com assaltante”;
“Atenção para a próxima parada”.
Isso é mesmo um acinte:
Na parada desce gente,
Mas ninguém fica contente –
Desce dez e sobe vinte!
Alguém distribui papel:
“Sou pobre e desempregado,
Tenho um filho adoentado –
Me ajude e vá pro Céu”.
Gente fala de futebol e novela;
Moça tenta ler revista;
Mulher xinga o motorista
Porque não parou no ponto dela.
A loucura é total
Dentro desse coletivo.
Mas o povo chega vivo
Dentro do Terminal.
O passageiro tem bravura!
Amanhã, bem cedinho,
Estará ele, bem prontinho.
Pra começar outra aventura.
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