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APELIDOS ESPIRITUAIS
Apelidos espirituais
Henrique Pompilio de Araujo

Resumo:
Antenor queria se melhorar e para isto procurou diversas religiões, mas era cada uma pior que a outra. Por isto entrou no espiritismo e lá mandaram ele estudar e deu certo.

APELIDOS ESPIRITUAIS

     Antenor de repente resolveu se tornar espírita. Era a religião das religiões. Ela já tinha passado por tudo: católico e evangélico. Ninguém lhe deu as respostas de que tanto ele precisava para saber para onde ir quando saísse desta vida.

     Antenor tinha um problema sério. No espiritismo todos precisam estudar muito e praticar a caridade. Antenor era muito caridoso, mas para estudar era uma lástima. Ele fugiu da escola quando tinha 9 anos de idade. Segundo ele, nada entrava em sua cabeça, sofria muitas dores e não decorava nada. Era só pegar um livro para a dor de cabeça chegar. Então ele deixou de estudar e foi trabalhar. Trabalhava muito. Foi quando foi tapeado numa igreja e disseram a ele que quando ele morresse iria para o inferno que a única salvação era se tornar membro desta religião. Então ele começou a professar a tal religião e logo viu que aquilo era só tapeação, pois ele tinha que pagar um tal de dízimo e era alto, 10% de tudo o que ele tinha. Resolveu sair e foi para outra religião e lá descobriu que era a mesma coisa. Eles só queriam o seu dinheiro.

     Foi para o espiritismo e lá não exigiam nada de dinheiro, mas ele tinha que estudar muito e praticar sempre a caridade. Caridade ele fazia muito, mas estudar.

     Então ele teve uma ideia. Começou a dar o nome das coisas com termos espíritas e assim ele conseguia gravar melhor as coisas. Antenor morava num sítio e tinha muitos animais e resolveu dar um apelido a cada animal. Assim ele guardaria todos os termos espíritas.

     O presidente do centro resolveu visitá-lo num determinado dia e lá foi ele ver o novo seguidor. Chegando lá foi recebido pelos cachorros do Antenor que saiu de casa gritando com os animais?

     - Moisés, já pra dentro. Jesus não morda o homem. Kardec, fique quieto não vê que é um amigo que está chegando.

     O presidente ficou encabulado com aquilo e perguntou a Antenor?

     - Por que deu o nome de pessoas a estes animais?

     - Não é nome de pessoas, mas os seguidores de Deus. Assim num cachorro dei o nome de Moisés, que significa primeira revelação, no outro dei o nome de Jesus que significa segunda revelação e no terceiro dei o nome de Kardec que significa 3ª. revelação.

     - Que bom disse o presidente. Muito criativo de sua parte. E os outros nomes dos termos espíritas que temos?

     - Já dei os nomes dos termos espíritas a muitas coisas, mas ainda estou renomeando todos. Até o fim do ano eu termino esta tarefa.

     - E as leis espirituais?

     - Também. Assim para a lei do trabalho eu nomeei a enxada, para a lei do amor nomeei meu casal de gêmeos, para a justiça nomeei minha espingarda.

     - Espingarda? Mas não é muito forte?

     - Não senhor. Aqui no sertão a gente chama a polícia e o juiz para resolver os problemas, mas se não resolver a gente usa da espingarda. Fique tranquilo só faço uso deste instrumento em último caso.

     - E para a caridade o que você usa?

     - Ah! Neste caso eu dei o nome de pão.

     - É um nome bastante criativo, representa bem a caridade.

     Estava tudo nos conformes conforme o entendimento de Antenor, mas um termo o presidente não concordou.

     - É para a lei de reprodução, o que você usou?

     - Ah! Neste caso dei o nome de pinto.

     - Pinto? Mas não é muito estranho.

     - Não senhor. Nossas galinhas reproduzem muito bem. Todas elas botam muitos ovos e criam muitos pintos. Nada melhor que dar o nome de pinto a lei da reprodução. Aliás é muito criativo.

     O presidente não teve como duvidar. Saiu dali satisfeito por Antenor ser muito caprichoso em seu trabalho e estudo. Oxalá outras pessoas seguissem o exemplo dele.


Biografia:
Henrique Pompilio de Araújo, nascido em Campo Mourão PR e radicado em Cuiabá MT. Começou a escrever desde cedo. Professor aposentado, bacharel em Direito e Teologia. Trabalhou em diversas escolas em Cuiabá e alguns jornais do Estado. Publicou sua primeira obra em 1977: Secos & Molhados - Poemas. Ultimamente publicou outros livros: "Flores do Além" Poemas, "Contos da Espiritualidade" - Contos, "Nas curvas da vida" Memórias, "Cinquenta contos" Contos. Há muitas obras ainda esperando edição.
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