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ESCREVER NÃO É FÁCIL
JOTA PRADO

Gostar de escrever, muita gente gosta: eu não. Sou um sujeito extremamente preguiçoso, de natureza muito acanhada para certas coisas. De tanta preguiça, acostumei-me à vida fácil, aos resultado prontos e rápidos. Se a dificuldade é grande, já perco o interesse de imediato.
       Como não sou escritor — nem tão pouco pretendo sê-lo — não vejo necessidade alguma de escrever absolutamente nada. Como me aventurar numa atividade que, além de muito dificultosa, exige um longo aprendizado e um completo desmantelamento de si mesmo? Melhor deixar isso para os desmantelados.
      Não me lembro exatamente quem foi, mas alguém já disse que escrever é um ato de entrega. Ah, não sou do tipo que se entrega fácil. Sou duro na queda, motivo pelo qual escrevo tão pouco.
       Fosse somente a preguiça, mas falta-me inspiração. De forma que o simples ato de escrever torna-se um ofício penoso, cheio de percalços e sacrifícios: prefiro mais ler um bom livro.
      Isso, gosto de ficar em casa. Quieto, lendo meus livros. Quando me canso dos livros, vou até o quintal cuidar de minhas plantas. Mas, às vezes, o quintal fica pequeno. Cansado do quintal e de tanto tédio, saio de casa. Vou dar um passeio pela cidade. Gosto de caminhar pelas ruas, principalmente quando elas estão cheias de gente. Às vezes, caminho simplesmente pelo hábito de caminhar: sem rumo certo e sem propósito algum.
      Nas ruas, sinto vontade de conversar com as pessoas, saber o que elas pensam ou deixam de pensar. Mas, para meu completo desalento, percebo que ninguém tem tempo para conversas. Todos eles estão com muita pressa.
      Às vezes, a solidão das grandes cidade é cruel, principalmente porque ninguém conversa com ninguém. As pessoas só estão interessados em ganhar dinheiro. Que coisa triste! Agora, que já vi tudo, percebo que melhor é tomar o caminho de volta.
    Já em casa, ligo a televisão e fico estirado no sofá, sentindo-me completamente só. No momento seguinte, algumas ideias começam a borbulhar dentro da minha cabeça, com tão impetuosa força que mal consigo ordená-las. Então, digo de mim para eu mesmo:
       — Pois bem, se ninguém quer conversar comigo, vou ter que conversar sozinho.
     Eis que assim, de um jeito ou de outro, vejo-me forçado a escrever alguns textos, como alguém que brinca de juntar palavras. Mas se tanto brinco de juntar palavras, é porque mais tropeço nelas do que propriamente sei juntá-las.




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