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INTENSIDADE
Flora Fernweh

Descobri que não sei ser morna, sou um café fumegante, escuro, ranzinza e abafado, sem leite para diluir meus remorsos e sem açúcar para adoçar minhas incertezas. Ou sou tudo, ou nada sou, não me existe meio termo, meio sorriso, meia luta, meia vida. Sou instante desdito, radioativa sem tempo para decair antes que eu me levante, queimo em qualquer tropeço, e a fogueira em que ardo, esta eu mesmo acendo com as fagulhas do meu ser que explode sem cessar, essas chamas fazem morada em minhas profundezas, parasitam meus sonhos mais viscerais, me consomem, me rasgam e me dilaceram, mas me animam e me vivificam. Se a vida é intensa, então que possamos afugentá-la com as mesmas forças que ela uniu para nos arrebentar uma vez, ou então, que saibamos dançar conforme as melodias que ela ecoa em forma de paixões fatais.


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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