| Mergulhado na História 
e no bolor dos livros antigos
 da Biblioteca Nacional,
 descubro que Deus não nasceu na Bahia,
 nem eu nasci em Minas Gerais.
 
 Descubro que
 "quem não chora, não mama,"
 e que as tetas da nação insuficientes são
 para prover o sustento da geral.
 
 Descubro que
 "quem tem padrinho vivo não morre pagão,"
 a não ser que o padrinho
 não esteja nem aí com o seu afiliado,
 com as regras gerais do jogo da vida,
 com o Papa, o Bispo, o Padre ou o Pastor,
 muito menos com sacristãos e coroinhas.
 
 Descubro que
 as uvas verdes nem sempre caem do pé,
 que as maduras nem sempre estão
 nos galhos mais baixos
 e que não é de bom tom recolher as uvas
 que caem do pé e se espalham pelo chão.
 
 Descubro que
 o Pé Grande mora lá longe,
 lá onde todo mundo congela o pé,
 ou onde todos esquentam a cabeça,
 mas que Mão Grande tem
 em todo espaço, tempo e lugar.
 
 Descubro que,
 ao longo da História,
 sempre houve enfrentamentos,
 derramamento de sangue e desamor.
 
 Descubro que
 a fé e a esperança não morrem,
 pois configuradas estão
 nos sonhos e nos ideais.
 
 "Vade Mecum!"
 "Quo Vadis?"
 
 Já estou no Século Vinte e Um, ou não?
 Lustrando botas e as patas de cavalos,
 ilustrando quadros com fotos
 e imagens de índios escalpelados,
 queimando bruxas como se responsáveis fossem
 por todo o infortúnio da Humanidade.
 Bodes expiatórios e a própria desumanidade.
 Fogueiras sempre acesas, brasas vivas
 e cinzas de casas mal assombradas.
 
 O Bem e o Mal, o mal e o bem,
 bem ou mal estruturados ou reconhecidos.
 
 Descubro que
 o enforcado, em plena Praça Púbica,
 põe a língua pra todo mundo,
 enquanto estouram Champanhes
 nos compartimentos dos Palácios.
 
 Certamente este não é
 o melhor dos espetáculos,
 pois não estarrece a mais ninguém.
 
 Entrementes,
 o poeta escreve isto
 apenas para cumprir
 o seu ignominioso ritual.
 Não adverte, nem exagera.
 
 Aqui e acolá,
 por força de Ordem Judicial,
 carcereiros soltam os prisioneiros.
 
 Aos mártires restam as missas na Matriz.
 Das feridas a expectativa de futura cicatriz.
 Furiosamente protesta o Lobo da Estepe,
 que se transforma em algoz de si mesmo.
 
 "Você tem fome de quê?
 "Você tem sede de quê?"
 Do que é que a gente precisa?
 
 Talvez muito mais do que a História
 e do bolor dos livros antigos
 da Biblioteca Nacional!
 
 
 
 
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            | Biografia:
 Tércio Sthal, Natural de Tupã, SP, Poeta e Escritor, MBA em Gestão de Pessoas, Cadeira de nº 28 da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, com publicações em coletâneas da Shan Editores, Autor de a Cidade das Águas Azuis e O Menino do Dedo Torto, Do Abstrato ao Adjacente, Inferências, Referências e Preferências em http://bookess.com e Lâminas e Recortes em Widbook.com
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