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TERNURA DOS 60
ANTÓNIO MANUEL FONTES CAMBETA

TERNURA DOS 60

     Ai que ternura,
     ai que saudade,
     de toda aquela loucura
     vivida na mocidade.

     O que tinha para dar tudo dei,
     entregando meu coração,
     fui traído bem o sei,
     começou minha paixão.

     Loucuras outras vivi
     bem longe da terra natal
     amigos nunca esqueci
     nem meu amado Portugal.

     Foram tantas as etapes
     que na vida percorri,
     muitas cheias de dificuldades
     mas todas elas venci.

     Quando penso que envelheci
               sem fronteiras de solidão,
     afasto de mim o que sofri,
     afago as penas do coração.

     Rugas se foram criando,
     perdendo sua juventude
     o cabelo foi branqueando
     ficando em mim a virtude.

     Meio século volvido está
     e à vida continuo amarrado,
     o resto só Deus saberá,
     e os sessenta ultrapassado.

     Quem eu era e o que sou,
     é a ternura dos sessenta
     ser pai e ser avô
     caminhando para os setenta.

     Não vivo de nostalgia,
     e o presente vou vivendo
     revejo tudo o que escrevia
     sempre com contentamento.

     Aos netos quero transmitir
     minha vida, minha experiência,
     com eles quero repatir
     toda a minha vivência.

     Não sei quando partirei,
     mas isso já pouco importa
     saudades talvez deixarei
     debaixo da minha porta.

     Com ternura vou vivendo
     nesta nova mocidade,
     e aos poucos desfalecendo
     nos braços da terceira idade.

     Quem na vida não soube amar
     pouco ou nada tem para dizer,
     mas é sempre bom recordar
     como foi nosso viver.

     Tive tempo e o vivi
     com toda a sua ilusão,
     mocidade essa a não perdi
     a levo no coração.                    
                    

                    


Biografia:
SOU UM JOVEM PORTUGUÊS DE 63 ANOS DE IDADE, VIVENDO EM TERRAS DO ORIENTE. CASADO, PAI E AVÔ, APOSENTADO DA MARINHA, GOSTO DE VIAJAR, ESCREVER MINHAS VIVÊNCIAS E ESCREVER POESIA.
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