Um simples pedaço de papel mostra vários significados e, junto com a imaginação e a simbologia, sentimentos e sentidos, as palavras têm significado e representações únicas para cada escritor/leitor. Para Gilberto Cunha, “... Somos herdeiros de conhecimento. Isso equivale a dizer que, recebendo conhecimento de outros, também podemos herdar visões do mundo...”.
No papel as palavras adquirem força imagética ao se difundirem para a sociedade e se tornarem símbolos: escrevo aqui, leio ali, imagino lá e pronto: o papel e a imaginação são cúmplices da minha arte. Trazem dias de coragem e conquistas diante do cotidiano, ao agilizar as tarefas. Harry Laus bem retrata, no livro Os Papéis do Coronel, a questão de escrever na formação das imagens e na questão das influências no processo da escrita.
Confio na sensibilidade dos escritores e acolho estilos que reforçam vínculos com o que quero e gosto, dando-me aconchego na vida. Sérgio Buarque de Holanda expressa, “em outras palavras, seu pensamento é de fato sua forma” e Gilberto Cunha reflete, “... Que aconteceria caso tudo o que foi publicado no mundo, até hoje, fosse impresso em escala nanométrica? Simplesmente, toda a informação que a humanidade já registrou na forma escrita poderia ser transferida para um panfleto (estilo anúncio de supermercados), não escrito em código, mas na forma de reprodução de imagens e estampas originais e tudo mais, sem perder a resolução...”. Indago sobre o saber ao ler o que o autor tem para dizer, ou seja, se suas ideias são compreensíveis. Uso a informação para bem viver e assim alimento a minha autoconfiança. Na visão de Carlos Maria Domínguez, “Os livros são perigosos: mudam o destino das pessoas”.
Busco nos livros (e panfletos?) prazer e criatividade, para organizar os sentimentos. Em que, ao diminuir a intensidade emocional, posso dimensionar a vida com clareza, como em Geraldo Vandré, “... A certeza na frente, a história na mão...”.
Para quebrar a rotina e ter atitudes que favoreçam a lógica, harmonizo o meu dia a dia, com os escritores e suas obras, como em Jaime Vaz Brasil, “... Quando a palavra / amanhece // desaba /e fusiona tudo // à fenda de um pesadelo / que espia seu conteúdo”.
A arte de ler e escrever é via de mão dupla, torna-me cúmplice e parceira da literatura. Sob a influência da imaginação a leitura se torna urgente em minha vida. O bom é que aproveito o luxo de haver tempo para ler. A diferença é que quem dita o ritmo da vida sou eu ao escolher o que ler e o que não ler; assim, encontro Carlos M. Domínguez na obra A Casa de Papel, que descreve “o amor destemido pelas bibliotecas e pela literatura” e Guillaume Musso que demonstra no livro A Garota de Papel, uma história de amor que se desenvolve no encontro entre o real e o imaginário.
Escritores e obras representam desafios intelectuais e se tornam invencíveis quando se juntam à imaginação. Fico impressionada com a “faxina” emocional que faço ao descobrir a importância das palavras colocadas no papel como chama de vida. Paulo Monteiro revela, “perdi o sono / enquanto isso / escrevo poemas /... e minha insônia / será que sonha?”.
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