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CAMINHOS
Isabel C.S. Vargas

     
Há alguns dias não caminhava. Quando comecei a caminhar isto me ajudou a perder muitos medos. Passei a caminhar até à noite, tanto na cidade, quanto na praia.
Com o passar dos meses, a prática diária na academia me afastou da rua. Isto associado ao número de assaltos que tenho lido no jornal me deixa apreensiva e não vou mais à noite, se chego tarde em casa.
Sinto que é bom ter intimidade de novo com o percurso que habitualmente fazia, e desvendar cada pedaço do caminho.
Embora o frio, é uma prática agradável, ou talvez exatamente por isto. Revigora.
É no caminhar que eu encontro muitas saídas para situações que porventura me aborreçam. Livro-me das tensões, coloco os pensamentos e os sentimentos em ordem. É o meu momento de respirar fundo para seguir em frente.
Hoje não foi diferente. Ao sair, o pequenino beija-flor que andava no jardim junto à porta do prédio era uma visão muito bonita. Se tivesse permanecido em casa não o teria apreciado.
Mais adiante, apesar de faltar mais de uma hora para anoitecer, o canto dos pássaros nas frondosas árvores tornava aquele pedaço de caminho mais alegre.
Seguindo o trajeto, encontro uma senhora de aparência humilde, com um chapéu de palha, que vinha em sentido contrário ao meu, carregando uma cesta de vime. Talvez vendesse algo. Paramos para deixar um veículo atravessar a pista. Neste momento, ela me olha, sorri e me saúda. Nunca tínhamos nos encontrado.
Sorri, agradeci e retribuí a saudação. Segui pensando no fato. Certamente, ela parecia mais feliz, mais amável, mais doce do que muitas pessoas bem vestidas, com melhor situação financeira, maior grau de instrução e supostamente com mais motivos para distribuírem sorrisos. Mais uma vez, constato que estas coisas não são as determinantes para que uma pessoa possa se sentir feliz, em paz, para que transmita alegria, seja capaz de dar espontaneamente a qualquer pessoa, estranha ou não, um sorriso, um cumprimento atencioso, revelando simpatia e estabelecendo empatia instantânea.
As pessoas rotuladas por todos como carentes, inclusive por mim, na verdade podem transbordar sentimentos. A carência material não chega a atingi-las no campo afetivo. Justamente aquelas que poderiam, em face do que lhes é negado, serem fechadas, amargas ou desiludidas. Parecem registrar na mente só as coisas boas e alegres.
Creio que isto me tocou, pois sou daquelas pessoas que acreditam que um sorriso no rosto é como um arco-íris no céu, isto é algo com efeito mágico .
Ao retornar,como para fechar dignamente o meu percurso, um rapaz, diante de uma igreja, entrega-me um folheto que tenho em minhas mãos, neste momento, e que diz:
“A mensagem de Deus está perto de você, nos seus lábios e no seu coração.”
Sinto que só me resta agradecer pela paz que invade meu coração.


Biografia:
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Outros títulos do mesmo autor

Crônicas IGUALDADE NAS DIFERENÇAS Isabel C.S. Vargas

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Publicações de número 61 até 61 de um total de 61.


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