|
Os calcanhares doem.
De tanto carregar a vida nos ombros, em busca do sentido.
Sentido da vida, marcada nos sulcos da face.
De quem veio de longe montando na cela do dia a dia.
De sol a sol a procura de um canto onde recoste a fronte.
Onde ao cair da noite a terra lhe sirva de lençol.
E o alimento são as migalhas que caem da boca do tempo.
Que carrega nos ombros e nas linhas das mãos.
Permaneçam como um disfarce para lida sofrida.
Cilhada debaixo do sol com suor e com pranto.
E incontáveis vezes na escuridão da noite de quem veio de longe atrás de um sentido.
Que lhe descanse os pés e a alma.
Que seja um travesseiro na ilusão.
Ou seja, apenas uma tênue luz de explicação a iluminar a esperança partilhada pelos filhos da vida solitária da aridez do sertão.
Jr. Avelar
|